terça-feira, dezembro 23, 2008

Veja | 24 dezembro 2008 | ano 41 n.51


Lendo veja desta semana, li as sábias palavras escritas por Reinaldo Azevedo sob o título Que Deus é este? na página 95.
Segue abaixo para os queridos leitores sentirem o que senti: uma paulada na nuca pessoal (e global).

Ele como muitos de nós foi mais uma voz, Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas. Mc 1:3

"
Boa parte das nações e dos homens celebra, nesta semana, o nascimento do Cristo, e uma vez mais nos perguntamos, e o faremos eternidade afora: qual é o lugar de Deus num mundo de iniqüidades? Até quando há de permitir tamanha luta entre o Bem e o Mal? Até Ele fechou os olhos diante das vítimas do nazismo em Auschwitz, dos soviéticos que pereceram no Gulag, da fome dizimando milhões depois da revolução chinesa? E hoje, "Senhor Deus dos Desgraçados" (como O chamou o poeta Castro Alves)? Darfur, a África Subsaariana, o Oriente Médio... Então não vê o triunfo do horror, da morte e da fúria? Por que um Deus inerme, se é mesmo Deus, diante das "espectrais procissões de braços estendidos", como escreveu Carlos Drummond de Andrade? Que Deus é este, olímpico também diante dos indivíduos? Olhemos a tristeza dos becos escuros e sujos do mundo, onde um homem acaba de fechar os olhos pela última vez, levando estampada na retina a imagem de seu sonho – pequenino e, ainda assim, frustrado...

Até quando haveremos de honrá-Lo com nossa dor, com nossas chagas, com nosso sofrimento? Até quando pessoas miseráveis, anônimas, rejeitadas até pela morte, murcharão aos poucos na sua insignificância, fazendo o inventário de suas pequenas solidões, colecionando tudo o que não têm – e o que é pior: nem se revoltam? Se Ele realmente nos criou, por que nos fez essa coisa tão lastimável como espécie e como espécimes? Se ao menos tirasse de nosso coração os anseios, os desejos, para que aprendêssemos a ser pedra, a ser árvore, a ser bicho entre bichos... Mas nem isso. Somos uns macacos pelados, plenos de fúrias e delicadezas (e estas nos doem mais do que aquelas), a vagar com a cruz nos ombros e a memória em carne viva. Se a nossa alma é mesmo imortal, por que lamentamos tanto a morte, como observou o latino Lucrécio (séc. I a.C.)? Se há um Deus, por que Ele não nos dá tudo aquilo que um mundo sem Deus nos sonega?

Evito, leitor, tratar aqui do mistério da fé, que poderia, sim, responder a algumas perplexidades. O que me interessa neste texto é a mensagem do Cristo como uma ética entre pessoas, povos e até religiões. Não pretendo, com isso, solapar a dimensão mística do Salvador, mas dar relevo a sua dimensão humana. O cristianismo é o inequívoco fundador do humanismo moderno porque é o criador do homem universal, de quem nada se exigia de prévio para reivindicar a condição de filho de Deus e irmão dos demais homens. É o fundamento religioso do que, no mundo laico, é o princípio da democracia contemporânea. Não por acaso, a chamada "civilização ocidental" é entendida, nos seus valores essenciais, como "democrática" e "cristã". Isso tudo é história, não gosto ou crença.

Falo das iniqüidades porque é com elas que se costuma contrastar a eventual existência de uma ordem divina. Segundo essa perspectiva, se o Mal subsiste, então não pode haver um Deus, que só seria compatível com o Bem perpétuo. Ocorre que isso tiraria dos nossos ombros o peso das escolhas, a responsabilidade do discernimento, a necessidade de uma ética. Nesse caso, o homem só seria viável se isolado no Paraíso, imerso numa natureza necessariamente benfazeja e generosa. O cristianismo – assim como as demais religiões (e também a ciência) – existe é no mundo das imperfeições, no mundo dos homens. Contestar a existência de Deus segundo esses termos corresponde a acenar para uma felicidade perpétua só possível num tempo mítico. E as religiões são histórias encarnadas, humanas.

Em Auschwitz, no Gulag ou em Darfur, vê-se, sem dúvida, a dimensão trágica da liberdade: a escolha do Mal. E isso quer dizer, sim, a renúncia a Deus. Mas também se assiste à dramática renúncia ao homem. Esperavam talvez que se dissesse aqui que o Mal Absoluto decorre da deposição da Cruz em favor de alguma outra crença ou convicção. A piedade cristã certamente se ausentou de todos esses palcos da barbárie. Mas, com ela, entrou em falência a Razão, humana e salvadora.

Fé e Razão são categorias opostas, mas nasceram ao mesmo tempo e de um mesmo esforço: entender o mundo, estabelecendo uma hierarquia de valores que possa ser por todos interiorizada. As cenas das mulheres de Darfur fugindo com suas crianças, empurradas pela barbárie, remetem, é inevitável, à fuga de Maria e do Menino Jesus para o Egito, retratada por Caravaggio (1571-1610) na imagem que ilustra este texto – o carpinteiro José segura a partitura para o anjo. As representações dessa passagem, pouco importam pintor ou escola, nunca são tristes (esta vem até com música), ainda que se conheça o desfecho da história. É o cuidado materno, símbolo praticamente universal do amor de salvação, sobrepondo-se à violência irracional que o persegue.

Nazismo, comunismo, tribalismos contemporâneos tornados ideologias... São movimentos, cada um praticando o horror a seu próprio modo, que destruíram e que destroem, sem dúvida, a autoridade divina. Mas nenhum deles triunfou sem a destruição, também, da autoridade humana, subvertendo os valores da Razão (afinal, acreditamos que ela busca o Bem) e, para os cristãos, a santidade da vida. Todas as irrupções revolucionárias destruíram os valores que as animaram, como Saturno engolindo os próprios filhos. O progresso está com os que conservam o mundo, reformando-o.

Pedem-me que prove que um mundo com Deus é melhor do que um mundo sem Deus? Se nos pedissem, observou Chesterton (1874-1936), pensador católico inglês, para provar que a civilização é melhor do que a selvageria, olharíamos ao redor um tanto desesperados e conseguiríamos, no máximo, ser estupidamente parciais e reducionistas: "Ah, na civilização, há livros, estantes, computador..." Querem ver? "Prove, articulista, que o estado de direito, que segue os ritos processuais, é mais justo do que os tribunais populares." E haveria uma grande chance de a civilização do estado de direito parecer mais ineficiente, mais fraca, do que a barbárie do tribunal popular. Há casos em que é mais fácil exibir cabeças do que provas. A convicção plena, às vezes, é um tanto desamparada.

Este artigo não trata do mistério da fé, mas da força da esperança, que é o cerne da mensagem cristã, como queria o apóstolo Paulo: "É na esperança que somos salvos". O que ganha quem se esforça para roubá-la do homem, fale em nome da Razão, da Natureza ou de algum outro Ente maiúsculo qualquer? E trato da esperança nos dois sentidos possíveis da palavra: o que tenta despertar os homens para a fraternidade universal, com todas as suas implicações morais, e o que acena para a vida eterna. O ladrão de esperanças não leva nada que lhe seja útil e ainda nos torna mais pobres de anseios.

O cristianismo já foi acusado de morbidamente triste, avesso à felicidade e ao prazer de viver, e também de ópio das massas, cobrindo a realidade com o véu de uma fantasia conformista, que as impedia de ver a verdade. Ao pregar o perdão, dizem, é filosofia da tibieza; ao reafirmar a autoridade divina, acusam, é autoritário. Pouco afeito à subversão da autoridade humana, apontam seu servilismo; ao acenar com o reino de Deus, sua ambição desmedida. Em meio a tantos opostos, subsiste como uma promessa, mas também como disciplina vivida, que não foge à luta.

Precisamos do Cristo não porque os homens se esquecem de ter fé, mas porque, com freqüência, eles abandonam a Razão e cedem ao horror. Sem essa certeza, Darfur – a guerra do forte contra o indefeso, da criança contra o fuzil, do bruto contra a mulher –, uma tragédia que o mundo ignora, seria ainda mais insuportável.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Jabour confessa: Sou devoto do MERCADO





a fé de Jabour: O MERCADO. hohoho

domingo, julho 13, 2008

Mudanças...


agora estou no wordpress.com

http://mundoreformado.wordpress.com

Resolvi ceder ao poder do melhor no mundo globalizado. Continuem me visitando lá..

em breve meu site de campanha política para vereador BH 2008 tb:
www.lucascastro31900.can.br

ps.: é .CAN e não .COM

domingo, junho 29, 2008

Voltando do Fórum da Liberdade em PoA.

forumdaliberdade.com.br
iee.com.br

sexta-feira, junho 27, 2008

Que medo!!!


Se continuármos contextualizando demais, até ele (Huguinho) vai nos dominar!

quinta-feira, junho 26, 2008

O Homossexualismo Não Vai contra a Natureza. Será?


por Guilherme de Carvalho em http://guilhermedecarvalho.blogspot.com/

Tenho uma cadela muito espertinha que de vez em quando faz cocô na minha cama. Previsivelmente, eu fico bravo. Mas minha esposa sempre diz: "Ora, Guilherme, é uma cadela!" Bem ela dizia isso antes. Agora já está ficando brava também. Sim, eu sei, isso é pura e simplesmente uma cachorrice, uma coisa de cachorro, da natureza canina - não o cocô na cama, propriamente, mas num lugar com o qual a minha cama, por uma ironia da providência, é semelhante. Sim, sim, mas... Cocô na cama é contra a minha natureza, bolas!

Mas será mesmo?

Na Folha Ciência

Com toda a certeza essa não seria a resposta do Dr. Andrea Camperio Cianni, geneticista da Universidade de Pádua, que concedeu entrevista à Folha Ciência publicada em 21 de Junho de 2008. A entrevista foi motivada por um estudo publicado por ele na revista PLoS One, no qual ele apresenta um modelo genético para explicar por que a homossexualidade aparece conectada ao aumento da fertilidade e mães e avós na linhagem materna do indivíduo.

De acordo com o modelo, haveria um gene (ou uma combinação?) que, presente em indivíduos do sexo feminino, aumenta a fertilidade e, em indivíduos do sexo feminino, gera uma "ligeira" atração por homens. Assim o gene que produz vantagem reprodutiva em mulheres produz, em homens, desvantagem reprodutiva. O Dr. Cianni nega explicitamente que sua teoria implique um determinismo genético - que o homossexualismo seja determinado pelos genes. Seu ponto apenas é que provavelmente há mesmo fatores genéticos que favorecem a "androfilia", ou a atração por homens, e que podem ocorrer tanto em homens como em mulheres.

A teoria parece de fato bem interessante. Sendo o homossexualismo tão comum e recorrente em diferentes comunidades humanas, seria de se esperar mesmo que ele tivesse algum tipo de base genética. Mas isso não é tudo. O Dr. Cianni apresenta algumas interpretações do significado de seu modelo que vale a pena considerar:

Há genes influenciando algumas pessoas, tornando mais fácil para elas optar pela homossexualidade. Ser ou não ser homossexual, porém, é resultado de história de vida, além de genes. O que queremos saber é por que os genes que influenciam a homossexualidade existem. Um gene que reduz a taxa de reprodução das pessoas deveria desaparecer. Esse é o dilema darwiniano da homossexualidade. A posição da Igreja tem sido por muito tempo a de dizer que o homossexualismo seria um vício, um pecado contra a natureza. Com o nosso estudo, podemos dizer claramente que o homossexualismo não vai contra a natureza. Ele faz parte da natureza, e é demonstrado precisamente pela seleção sexual darwiniana.

Pode-se, sem dúvida, dar diferentes interpretações do fato. Vamos tentar uma.

Talvez o nosso mecanismo genético seja deveras imperfeito, realmente. Na falta de uma boa solução para promover a fertilidade feminina, temos um gene que, ao invés de ter seu efeito androfílico neutralizado por uma compensação hormonal ou até genética, atua livremente em indivíduos de sexo masculino. Assim, a nossa espécie convive com o indesejável efeito colateral de produzir - homossexuais! Nas palavras do próprio Cianni, afinal, eles seriam indivíduos em desvantagem reprodutiva.

Ora, temos conhecimento da presença de mecanismos bastante desajeitados ou até desvantajosos, que eventualmente complicam a vida de determinadas espécies. Mas seriam meramente imperfeições (ao menos, é assim que elas são nomeadas pelos críticos do Design Inteligente) associadas às vicissitudes do processo evolucionário. Não poderíamos falar em doenças, a não ser que aplicássemos o termo a espécies como um todo.

Seja como for, seria mesmo muito chato, e politicamente incorretíssimo sugerir que o homossexualismo não é contra a natureza, porque imperfeições adaptativas, propensões genéticas potencialmente desvantajosas, ou até por um anomalia evolucionária são fatos da natureza. Pois até mesmo o câncer é resultado do mesmo mecanismo que torna possíveis as mutações, indispensáveis à evolução. Em outras palavras, sugerir que a homossexualidade é um acidente evolucionário; um efeito colateral...

Bem, acho que o Cianni não seria tão bobo de colocar as coisas nesses termos (embora não seja preciso muito esforço para enxergar que o rei está nu).

O mais curioso, no entanto, é a conclusão brilhante que Cianni tira desse fato: "podemos dizer claramente que o homossexualismo não vai contra a natureza. Ele faz parte da natureza". Uai, eu perdi alguma coisa? ;-D

A Falácia

Bem, vamos por partes:

1) Em primeiro lugar, Cianni supõe que uma coisa "faz parte da natureza" porque tem base genética e pode ser explicada pela evolução Darwiniana;

2) Em segundo lugar, ele rejeita a idéia de que o homossexualismo seja um "pecado contra a natureza", porque tem base genética.

Mas, convenhamos: que tipo de comportamento humano pode ser considerado contrário à natureza por esse critério? Com toda a certeza, todo tipo de comportamento humano deve ter alguma base genética, nem que seja indireta. Tudo o que o homem pode produzir em termos culturais, está baseado em possibilidades genéticas. Mas o invés de multiplicar exemplos disso aqui, vamos apenas tomar os exemplos de Cianni:

A comunidade gay sempre fica muito infeliz quando pessoas falam sobre esse assunto e os jornalistas começam a usar manchetes como "Descoberto o gene gay". Isso é besteira. Nós, geneticistas comportamentais, sabemos há muito tempo que o debate de natureza contra criação é fútil. Todos os genes têm de se expressar em um ambiente. O ambiente influencia a expressão do gene, assim como o gene influencia o ambiente onde ele se expressa. Vou dar um exemplo. Todos nós temos genes que favorecem o roubo, porque se não tivermos o comportamento do roubo, não sobreviveremos em uma emergência onde ele pode ser necessário. Isso não significa que sejamos forçados a sermos ladrões.

Ótimo. Não podia ser melhor.

Todos nós temos genes que favorecem o roubo. Então o roubo não é contra a natureza, não é mesmo? Coitado daquele ladrão. Ele apenas tem uma desvantagem associativa de base genética. Coitado de mim também. Afinal, eu sou um bobão que tem uma desvantagem moralista de base genética. Eu acho que o ladrão é um safado que precisa ir em cana. Espero que tenham pena de minha desvantagem genética.

Sim, vamos ser justos. O Dr. Cianni está explicando que alguns genes nos ajudam, em uma situação, e nos atrapalham em outras. Não dá para taxar os genes de "maus" e "bons" (embora Richard Dawkins insista em dizer que eles são egoístas). Então o que precisamos considerar, ao julgar um comportamento, segundo as suas próprias palavras? O ambiente. Aquilo que vai além dos genes.

A despeito disso, a conclusão consistente do raciocínio de Cianni é de que a ladroagem não é contra a natureza. E como sabemos que o estupro, o assassinato, a pedofilia, a violência em geral, diversas formas de sociopatia e psicopatia, depressão, irritabilidade, toxicomania, e uma infinidade de outros "desvios comportamentais" tem, todos, bases genéticas reconhecidas, devemos concluir que todos são naturais. Não são contra a natureza. Todos tem explicações em termos da seleção natural Darwiniana (e tem mesmo, não estou brincando).

Diante dos fatos, tudo o que posso dizer é repetir as palavras do nosso amigo italiano: "isso não significa que sejamos forçados a sermos ladrões".

Igualmente, "Isso não significa que alguém é forçado a ser homossexual" - mesmo que alguém tenha genes que favorecem essa prática, isso não significa de modo algum, absolutamente, que o homossexualismo seja bom para o ser humano, ou válido, ou que não seja um pecado.

E por falar em pecado: em primeiro lugar, o pecado é contra Deus, e em segundo lugar, contra o homem. Sem dúvida concordamos com o Dr. Cianni, de que não há pecado contra genes (ou "a natureza" em suas palavras). Só parece estranho que ele atribua a afirmação dessa tolice à Igreja.

Contra que Natureza?

Quero avançar um pouquinho na reflexão.

Um mínimo de sensibilidade demonstrará que o Dr. Cianni está relativamente confuso (ou talvez, tenha se confundido apenas na sua entrevista, o que é provável) a respeito do conceito de "natureza". Ele diz sem meias palavras que o que tem base genética não é contra a natureza. Isso equivale a dizer que "o que é, é certo".

A não ser que ele postulasse a existência de duas realidades separadas: a "natureza", que seria tudo o que é material ou biológico, e a "cultura", que seria uma criação arbitrária da liberdade humana. O problema com este modelo, é que se a liberdade humana e a criatividade cultural forem reais, a ponto de afetar a nossa resposta aos genes, isso significaria que elas são, efetivamente, uma "segunda natureza" distinta da "natureza física". Mas eu pergunto: de onde teria vindo tal natureza? Do espaço sideral?

Uma solução mais interessante seria simplesmente admitir que o que é natural para o homem não é o que tem uma base genética, mas o que realiza as possibilidades criativas do homem. Em outras palavras, para julgar um comportamento, não é suficiente empregar um termo genérico como "natureza". Precisamos de um conceito de "natureza humana". O Dr. Cianni efetivamente emprega um conceito de natureza humana como sendo indistinto de "natureza biológica". Isso não é suficiente, é óbvio. Um conceito válido de natureza humana precisa dar conta da base biológica, mas também dos aspectos social, estético, jurídico, ético, religioso, racional, e assim por diante.

A partir do conceito de "natureza" do Dr. Cianni, até o nazismo não é contra a Natureza. Afinal, quem sabe se a mãe natureza não está tentando nos extinguir, agora que descobriu que somos prejudiciais à vida na terra? É por isso que temos bombas atômicas, Osama bin Laden, Bush, a rede Globo, e a Folha Ciência, afinal. E o Dr. Cianni, é claro.

Eu estaria disposto até mesmo a admitir que, talvez, o gene (se ele existe mesmo) que favorece a androfilia nos homens (o homossexualismo) tenha uma finalidade interessante, útil, como é o caso do gene do roubo (que ajuda na autodefesa). Talvez, por exemplo, ele sirva para que exista o celibato clerical. Por que não? Uma procissão é algo muito mais interessante do que a Parada Gay, aquela coisa horrorosa.

Aprender a "Natureza"

Apenas para estabelecer um contraponto, cito a entrevista do educador e professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Yves de La Taille, para a revista Nova Escola deste mês. Discutindo o problema da falta de princípios na escola, e a necessidade de uma educação ética, ele dizer que "A dimensão moral da criança tem de ser trabalhada desde a pré-escola. Ética se aprende, não é uma coisa espontânea".

O que seria ensinar ética a uma criança? Se ética não faz parte da "natureza", nem deveríamos ensiná-la. Afinal, seria uma forma de reprimir a natureza, que é sempre "espontânea".

A ética pertence à natureza humana, não à natureza "em geral". O fato de ela precisar ser aprendida não significa que não seja parte de nossa constituição. É por isso que o homossexualismo não é contra a "natureza" em geral, mas é contra a "natureza humana": é éticamente problemático. Mas em tempos de reducionismo materialista, ou genético, ou sociológico, é difícil, muito difícil fazer as pessoas encararem a verdade.

Tudo o que posso dizer...

Bem, seja como for, tudo o que posso dizer é que a entrevista, do entrevistado ao entrevistador e à escolha do título, reflete a mesma monstruosa, colossal, titânica ignorância do homem moderno em relação à sua verdadeira natureza. Se não sabemos mais o que é a natureza humana, como teremos condições de dizer o que é contra a natureza, e o que não é?

Assim, o jornalismo científico popular continuará "demonstrando" que, já que existe homossexualismo entre macados e ratos, isso é simplesmente "a natureza". Que natureza minúscula.

E a mim, meu Deus, o que me resta? Vou me juntar à minha cadela e cagar na minha própria cama.

Mas não vai ficar assim não. Vou cagar dentro da casinha dela também.

domingo, junho 22, 2008

O Banqueiro dos Pobres

...outro dia ainda comprei um livro. de Muhammad Yunus, este ai da foto, prêmio Nobel da Paz, por ter criado um banco de microcréditos para pobres em Bangladesh.

Lula na semana passada o trouxe ao Brasil pra discutir e tentar implantar o sistema aqui.

Estou nas primeiras páginas do livro (com este estou lendo: A Era da Turbulência de Alan Greenspan, Freakonomics e Apologética Cristã para o século XXI de McGrath) e estou impressionado.

Yunus ao sair da sala de aula (mestre em Economia, leciona esta disciplina) dpois de compreender que a Economia que ensinava não condizia com a realidade da população de Bangladesh, foi às ruas da tribo Jobra e lá encontrou 42 famílias que precisariam de apenas 27 dólares para parar de pegar dinheiro emprestado com agiotas, (que as emprestava o dinheiro, dpois cobrava juros e por fim estas familias tinham em média por mês um salário de 2 centavos de dólares) e sairem de suas condições de extrema miséria.

Tudo começou assim e até o Banco Mundial quis abocanhar o empreendimento de Yunnus.
Hoje Bangladesh prospera não por causa de Yunus apenas, mas sua economia, voltada a agricultura abriu as portas para o livre comércio globalizado (em BBC http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/020801_donmpc3.shtml)

Fica aí uma lição de liberdade econômica sem massacrar a capacidade do indivíduo.

quarta-feira, maio 14, 2008

BRASIL, SOBERANO.


Nem vou comentar pra não estragar, deixe que os fatos falem por si só.

Agora, seremos soberanos! Uma política econômica pragmática era tudo que precisávamos. Agora precisamos de um povo também pragmático, comprometido e patriota.


Mantega detalha recursos do fundo soberano

Arnaldo Galvão, de Brasília14/05/2008, no Jornal Valor Econômico.



O Fundo Soberano do Brasil (FSB), segundo explicou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, terá duas pernas: o Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE), que vai abrigar o excedente do superávit primário, cujo valor ainda será definido pelo presidente da República; e uma perna financeira, mediante à qual o Tesouro Nacional, gestor do FSB, emitirá títulos da dívida pública e os reais captados serão utilizados para comprar dólares no mercado doméstico. Esses dólares serão remetidos para o exterior, para aquisição de ativos, seja papéis da subsidiária do BNDES no exterior ou outros ativos. Com esses dois instrumentos, o governo pretende apoiar interesses estratégicos do país no exterior, aumentar a rentabilidade dos ativos públicos, formar poupança pública e diminuir a quantidade de dólares disponíveis no mercado interno e, assim, reduzir a valorização da moeda.
Segundo Mantega, na prática, a criação do FSB equivale a aumentar o superávit primário, embora esteja mantida a atual meta para o setor público consolidado - 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB). A característica de ampliar a poupança pública foi comparada a um "cofrinho". "Com o excedente, colocamos dinheiro no fundo. Vocês não têm um cofrinho em casa?", indagou. Ele explicou que os valores destinados ao fundo soberano ficarão fora do cálculo do superávit primário, mas esses recursos não serão gastos.
O ministro indica que o governo já vem fazendo um esforço fiscal acima da meta estabelecida. Nesse cenário, garantiu que o país continuará crescendo e o governo seguirá arrecadando. Mantega citou, como exemplo, o resultado fiscal do governo central no primeiro trimestre. Nesse período, foi registrado superávit nominal, o que significa sobra de dinheiro (R$ 3 bilhões) mesmo após o pagamento de juros. Mas a perspectiva para o final do ano é de déficit nominal.
No aspecto das diretrizes de aplicação do FSB, as compras de debêntures e títulos representativos de ativos financeiros terão de observar parâmetros de risco. Os projetos aprovados deverão ter rentabilidade mínima equivalente à taxa Libor. Com gestão do Tesouro, o fundo soberano será operado por uma instituição financeira federal. BNDES e Banco do Brasil têm experiência nessa atividade.
Originalmente imaginado como um fundo soberano para comprar dólares no mercado interno e adquirir ativos no exterior, somente nos últimos dez dias é que sua criação assumiu também contornos fiscais, como resposta do governo à demanda por maior controle dos gastos públicos. Principalmente depois que o presidente Lula ouviu do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o reforço à tese do esforço fiscal adicional para ajudar o trabalho do Banco Central no controle da inflação.
O FSB terá um conselho deliberativo que vai definir forma, prazo e natureza dos investimentos, tal como uma empresa estatal. O Congresso receberá, semestralmente, um relatório de desempenho do fundo. Mantega não revelou se o governo vai publicar uma medida provisória ou se enviará um projeto de lei. Ele também afirmou que ainda não está definido o valor inicial do FSB, mas um decreto presidencial vai estabelecer um teto provavelmente como uma porcentagem do PIB. O fundo terá dotação orçamentária, cujas fontes serão primárias (receita tributária), emissão de títulos e outras disponibilidades.
Os dois objetivos do FFIE serão formar poupança pública a partir do excedente do superávit primário e absorver flutuações dos ciclos econômicos. Esse é o caráter anticíclico. O FFIE será privado, operado por instituição financeira federal, mas terá o governo como único cotista. Seu patrimônio será separado dos ativos da União e estará subordinado a direitos e obrigações próprias. Esse Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização não poderá comprar papéis de empresas privadas, mas terá autorização para comprar papéis de empresas públicas lançados no exterior.
Como o Brasil tem recebido forte fluxo financeiro, Mantega disse que estão presentes as condições para que o país seja o 36º no mundo a ter um fundo soberano. A inspiração é dos modelos chileno e russo. Nessa avaliação, não é necessário ter superávit nominal. Além disso, o país é credor externo, tem reservas de US$ 200 bilhões e há perspectiva de expressivas reservas petrolíferas. Recentemente, foi promovido pela Standard & Poor's ao grau de investimento.
O apoio a interesses estratégicos no exterior passa pela internacionalização de empresas brasileiras e o FSB pode atuar como o Eximbank americano, financiando compradores de produtos brasileiros. Um dos exemplos citados é o da compra de debêntures do BNDES. Esse "interesse estratégico", segundo o ministro, significa o Brasil assumindo papel protagonista e, havendo excesso de dólares no país, usá-los de forma produtiva, obtendo rendimento maior que o das reservas internacionais.
No âmbito cambial, o fundo soberano vai enxugar dólares do mercado e destinar esses recursos a aplicações mais rentáveis que as de perfil conservador das reservas internacionais administradas pelo Banco Central. Mas Mantega garantiu que não vai faltar harmonia entre BC e Tesouro porque, atualmente, as duas instituições já fazem isso com alguns limites.
Apesar de não ter revelado o valor inicial destinado ao FSB, o ministro afirmou que o montante será "robusto" e conviverá com o volume das reservas internacionais, atualmente em US$ 197 bilhões. Elas poderão continuar crescendo. "Não há um volume ideal de reservas. O ideal é que seja um volume grande", comentou.
Mantega disse que o limite definido por decreto vai servir para sinalizar que não será um "superfundo". Mas admitiu que, uma vez confirmadas as reservas de petróleo na camada submarina do pré-sal, o governo terá de adaptar as normas do fundo para receber parte dessas receitas.
A conciliação entre o objetivo anti-cíclico e o apoio à internacionalização de empresas brasileiras não foi esclarecida com precisão pelo ministro. Ele limitou-se a dizer que o fundo soberano terá ativos financeiros líquidos, como, por exemplo, papéis do BNDES. Mas Mantega procurou ressaltar que não acredita em uma necessidade abrupta de recursos. "Não vislumbro, mas, num momento futuro, talvez, ocorra alguma redução do crescimento e, nesse caso, há esse fundo soberano com suas reservas", afirmou.
A criação do FSB teve, segundo o ministro da Fazenda, participação e aprovação do presidente do BC, Henrique Meirelles. Ele também negou que a iniciativa seja apenas uma complexa engenharia financeira para capitalizar o BNDES. "Já faz algum tempo que o presidente Lula quer criar o fundo soberano."

quarta-feira, maio 07, 2008

Ela caiu e lá em casa ela já não entra há tempos....


Campanha do Greenpeace no YouTube faz Unilever ceder
Aaron O. Patrick, The Wall Street Journal, de Londres
02/05/2008





A Unilever fez da Dove uma marca bilionária com propagandas que promovem a auto-estima das mulheres. Mas, nas últimas semanas, o grupo ambientalista Greenpeace divulgou paródias dos anúncios, com acusações de que a empresa está destruindo as florestas tropicais da Indonésia com sua fome de óleo de palma, ingrediente essencial na fabricação de sabonete e margarina.


O Greenpeace comemorou ontem uma vitória importante, quando a gigante dos alimentos e produtos de limpeza voltou atrás e anunciou que apenas comprará óleo de palma de fornecedores que comprovarem que não destruíram florestas.


A rapidez da campanha marca um momento crucial para os grupos de ativistas. A propaganda do Greenpeace está no YouTube.com há apenas uma semana e já foi assistida 250.000 vezes. Da mesma maneira que as maiores empresas do mundo, como a Unilever, têm usado a internet para divulgar suas propagandas, ativistas passaram a usar o meio para disseminar suas mensagens de modo rápido e barato. Procure "Dove" no YouTube e a propaganda do Greenpeace é a primeira a aparecer nos resultados da busca.


Durante uma conferência em Londres sobre mudanças no clima, Patrick Cescau, diretor-presidente da Unilever, pediu uma moratória no desmatamento da Indonésia pelos produtores de óleo de palma, uma das exigências mais importantes do Greenpeace. Antes, a Unilever argumentava que a moratória prejudicaria a oferta mundial de óleo de palma.


Um porta-voz da Unilever disse que os protestos do Greenpeace "tiveram alguma influência, mas muito pouca" na decisão da empresa em relação ao óleo de palma. Ele disse que a nova política estava nos planos desde novembro.


Mas o Greenpeace tomou para si o crédito. Ele atacou os sabonetes e cremes da Dove porque "todo mundo já ouviu falar dessa marca", disse o diretor-executivo do grupo, John Sauven. "É a face mais pública da empresa".


A imagem do Dove como uma marca sensível e inclusiva também colaborou com a estratégia do Greenpeace. Numa campanha que atraiu a atenção do mundo e rendeu prêmios, a Unilever reposicionou a Dove desde 2004 como uma marca que valoriza a individualidade das mulheres e rejeita o estereótipo da mulher perfeita. O Greenpeace se inspirou na campanha Pela Real Beleza, criada pela agência Ogilvy & Mather, da WPP Group.


Os panfletos do Greenpeace mostram fotos de orangotangos ao lado de duas opções: "gorgeous or gone?", algo como "belo ou extinto?". Uma das propagandas da Ogilvy mostrava uma fotografia de uma mulher mais velha ao lado de duas opções: "enrugada ou encantadora?"


A equipe do Greenpeace refez um vídeo da Dove chamado Evolução, pelo qual a Ogilvy ganhou o prêmio mais importante do festival anual da propaganda em Cannes, na França. Ele mostra como a indústria da moda pode alterar a imagem de uma modelo para torná-la mais atraente. A propaganda do Greenpeace exibe uma série de imagens de desmatamento, orangotangos morrendo e produtos da Dove nas prateleiras de supermercados. "Fale com a Dove antes que seja tarde demais", diz a legenda do vídeo.


Grandes empresas são alvo freqüente de ecologistas e outros ativistas que defendem mudanças em suas operações ou na de seus fornecedores. A WWF, uma ONG ecológica de abrangência mundial, divulgou propagandas no jornal britânico "Financial Times" em que denunciava gigantes como a Royal Dutch Shell.


O porta-voz da WWF, David Cowdrey, afirmou ontem que o Greenpeace merece um pouco de crédito pela decisão da Unilever. "Tenho certeza que ajudou, mas não acho que tenha sido o principal fator", disse ele.


"As ONGs e grupos de ambientalistas estão muito espertos hoje em dia", diz Hugh Hough, presidente da Green Team USA, uma agência de publicidade especializada em marketing ecológico.


A Unilever, uma das maiores consumidoras de óleo de palma do mundo, informou que implantará gradualmente durante os próximos sete anos a sua nova política para os fornecedores.


O óleo de palma, também conhecido no Brasil como óleo de dendê, é produzido principalmente na Indonésia e na Malásia. A alta do óleo contribuiu para o desmatamento, especialmente na Indonésia, para dar espaço às plantações de palmeiras.


Ao custo de 50.000 libras (cerca de US$ 100.000), a campanha do Greenpeace saiu no jornal "London Times", em panfletos distribuídos em Londres e na página do Greenpeace no YouTube.


A Unilever demonstrou astúcia ao responder à pressão do Greenpeace, porque o grupo tem muita experiência e credibilidade quando se trata de questões ecológicas, diz Marie Ridgley, diretora da Added Value, uma consultoria de marcas da WPP. A Unilever "não pode fingir que é perfeita e ninguém espera que seja", diz ela.

sexta-feira, abril 18, 2008




Amigos, não gosto muito do Jabour, mas este comentário dele hj na CBN me incomodou, causou em mim um desconforto, rasgou diante dos meus olhos, MAIS UMA VEZ (não só ele, mas o que tenho lido e visto sobre), o véu que descortina e escancara a vergonha que são essas politicas públicas populistas e "darwinistas" que o governo atual insiste em querer chamar de políticas afirmativas.
O Sóciologo, que ele cita, se alguém souber, indique-me, pq quero muito ler este artigo.

Abraço a todos

sexta-feira, abril 11, 2008

relativismo e neo-liberalismo, irmãos gêmeos!


Eu cansei dessa pasmasseira de "cada um é cada um"!
Cansei de um Brasil sem história, que corrompe do menor ao maior!
Eu não aguento mais discursos vasios, lotados de ideologias libertárias que em si mesmas findam.
Eu estou de saco cheio de teologias liberais, padres e pastores em favor de classes menos favorecidas, quando em verdade, usam e abusam de assistencialismos baratos e alienantes.
Acho uma banalidade, aquelas leis de incentivo que vendem cultura, entreterimento e esporte pra uma massa de consumidores famintos do nada.
Não quero mais perder meu tempo com conversas fúteis, filosofias vãs e um mundo de coisas que de coisas nada têm.
Quero um Cristo. Aquele que mudo como um cordeiro no matadouro se entregou, que ao Pai disse pra nos perdoar porque não sabemos o que fazemos.
Quero amigos e irmãos integrais, não esquizofrênicos, frutos de um tempo qualquer, soltos ao vento e sujeitos à libertinagem.
Insisto em não querer aceitar pessoas passivas que das instituições esperam tudo e continuam "amebantes" ansiosas pelo pôr do Sol.
O fim em si mesmo é monótono, depravado, pernisioso e deprimente.

Amo, por incrível que pareça, amo!
Amo, amo todos e por isso escrevo com muito pesar!
O Amor, o Verdadeiro Amor não acaba, não tem passividade e nem é chato.
Ao contrário ele constrange, incomoda e gera dor.

Ao Cristo, aquele que nada relativisou, convido meus amigos a voltarem.
Somente as Escrituras bastam!

quinta-feira, abril 03, 2008

Na revista Piauí deste mês...abril


NOVOS PECADOS, UMA BREVE HISTÓRIA


João M. Salles


Ao ler os jornais no dia 11 de março, o diabo suspirou e começou a contratar. Estava ali, em letras garrafais: “Igreja alerta para sete novos pecados.” Eram “pecados sociais”, um leque de desaforos a Deus que abarcava práticas como a injustiça social e a poluição do meio ambiente. Perguntou à secretária se o RH não poderia apressar a promoção daquela trinca de novatos: Saddam, Slobodan e aquele chileno, o Augusto. Com a Cúria Romana anunciando mais vícios do que o Inferno costumava processar, era urgente uma reengenharia na cadeia produtiva dos suplícios. Por exemplo: a gordinha que até outro dia se enquadrava apenas no pecado da gula agora teria a pena revista; se não reciclasse os sacos plásticos que o supermercado lhe dava para carregar os carboidratos, o caso se complicaria: seria autuada por pecado de crime ambiental. Os teólogos perderam o estilo. “Tomem Ira”, soltou o diabo, “palavrinha eloqüente, digna de figurar nas melhores listas de pecado. Já ‘violação de direitos fundamentais da natureza humana’?!” Hedonista e esteta, ele apreciava os sete pecados capitais, que achava concisos e elegantes: um substantivo para cada tropeção moral. No topo da página em que atentara para a novidade infernal, havia uma segunda manchete. Leu-a em voz alta: “Governador de Nova York usou serviço de prostituição.” Luxúria. Cristalino. Uma beleza. O código penal do Inferno é uma obra monumental construída em torno das noções de culpa e castigo. (Não se fala em perdão, apanágio do Purgatório.) Na tradição cristã, pecado é uma violação da norma divina. É uma resposta negativa a Deus. A partir daí, reina a confusão. Vai-se relativamente bem até pecados mortais e veniais, mas na hora dos pecados capitais o pessoal mete os pés pelas mãos. A noção de pecado se realiza perfeitamente no pecado mortal, violação tão grave que acarreta a morte da alma, ou seja, a ruptura do indivíduo com Deus. Nele, três condições devem ser satisfeitas: matéria grave, conhecimento de causa e empenho da vontade. Quem assassina de caso pensado comete pecado mortal. Quem usa a razão para negar Deus, também. Pecado venial seria uma transgressão que não chega a abalar a aliança entre Deus e o homem, o qual, portanto, alcança o perdão (venia) com relativa facilidade. A doutrina estabelece que o pecado venial justifica uma punição temporária no Purgatório, palavra formada pelo adjetivo purus (“puro”) e o verbo agere (“tornar”). Já o pecado mortal, se não confessado, arrependido e penitenciado, leva o pecador para o Inferno, onde não cabe recurso da sentença. Os teólogos contemporâneos não ligam muito para isso. Preferem sublinhar, no pecado, a liberdade do pecador. Somos livres para agir, e a gravidade de um pecado é diretamente proporcional ao grau de liberdade com que é praticado. Nenhum pecado mortal pode ser cometido acidentalmente. É sempre voluntário. Pecado capital é outra coisa. São mais vícios que pecados, são inclinações do caráter que ameaçam a harmonia com Deus. Tanto assim que, em Dante, quem os cometeu está no Purgatório, não no Inferno. A própria geografia do Purgatório reflete os sete pecados capitais: uma montanha com sete terraços, cada qual dedicado a um pecado. Embaixo, perto do Inferno, ficam os orgulhosos, que vivem sob a perigosa ilusão de se bastarem a si mesmos; no alto, mais perto do Céu, os que sucumbiram à luxúria, que bem ou mal é um vício no qual está contida uma semente de amor. A enumeração dos pecados capitais tem origem no monasticismo oriental. No século V, João Cassiano introduziu a prática no Ocidente e trouxe consigo as listas, cuja função era determinar comportamentos lesivos à vida monástica. Dois séculos mais tarde, Gregório I modificou esse rol, e, como distinguia entre orgulho e soberba, eram oito os pecados. Tomás de Aquino fundiu orgulho e soberba e chegou aos sete que conhecemos: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Chamou-os capitais – do latim caput, “cabeça” – por considerá-los a fonte de todos os pecados. Por essas e outras é que o diabo impreca contra os poderes eclesiásticos. Quando se fala em pecados, de que lista mesmo estamos falando? A primeira, é óbvio, nasce da transgressão dos Dez Mandamentos, cada um deles implicando inúmeros pecados. “Não desejarás a mulher do próximo”, por exemplo, se desdobra em adultério, divórcio, fornicação, pornografia, prostituição, estupro, homossexualismo, incesto e masturbação. No Novo Testamento, Paulo relaciona dezessete pecados mortais: “Adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias.” Há os pecados contra a fé (incredulidade de Deus e heresia), contra a esperança (desespero obstinado quanto à salvação ou presunção de poder viver sem Deus e alcançar sozinho a redenção) e contra o amor (ingratidão, ódio a Deus, indiferença à caridade). Existem os quatro pecados que não ofendem somente a Deus, mas também ao homem. São os “pecados que clamam aos céus por vingança”, igualmente mortais: homicídio, pecado de impureza contra a natureza (sodomia e homossexualismo), aproveitar-se dos pobres e defraudar o trabalhador do seu salário. É uma situação verdadeiramente inflacionária. No ano passado, o Vaticano já publicara uma espécie de Dez Mandamentos para motoristas: não se irritar na direção, não dirigir bêbado e outras platitudes. Agora o católico tem de se haver com mais um revisionismo. Pelo menos, foi o que se leu na imprensa mundial. A notícia se espalhou ao ser publicada no site do Times de Londres: “Depois de 1 500 anos, o Vaticano atualizou os sete pecados mortais, arrolando outros sete adequados aos tempos da globalização.” A informação vinha de uma entrevista dada na véspera pelo bispo Gianfranco Girotti ao L’Osservatore Romano, jornal oficial do Vaticano. “Monsenhor Girotti, responsável pela Penitenciaria Apostólica, foi perguntado sobre quais seriam os novos pecados”, publicou o New York Times. Do outro lado do mundo, o Hindustan Times anunciava que o responsável pela Penitenciaria – um dos três tribunais da Cúria Romana, encarregado de julgar matérias de consciência (como pecados, confissões, sacrilégios) e indulgências – teria dito que, agora, a alma dos cientistas genéticos e dos obscenamente ricos iria para o Inferno. O Pravda repetiu a dose, substituindo apenas “obscenamente ricos” por “oligarcas”. Um tanto confuso, o diabo decidiu consultar um especialista. Deu uma espiada na lista VIP dos danados e mandou chamar Torquemada. O inquisidor-geral correu os olhos pelos jornais e, com uma ponta de tédio, disse: “Bobagem. Entrevista de funcionário do Vaticano não proclama doutrina. Os pecados serão sempre os mesmos, o que há são derivações. Girotti se referia à necessidade de recuperar o sentido do pecado. Falou num seminário sobre a crise da confissão. Boa parte dos católicos se desobrigou desse sacramento. E você bem sabe: sem confissão, todo mundo vem parar aqui. O bispo não falou em sete pecados. Apenas mencionou, e superficialmente, a bioética, as drogas, a injustiça social e a ecologia como temas que merecem a atenção dos católicos. Mais não disse.” Com um floreio de mão, Torquemada jogou o jornal na mesa e, já dando as costas, comentou: “Esse Girotti eu conheço. Ele deu umas declarações sobre a importância de convocar exorcistas no caso de fenômenos agenciados aqui pela casa. É uma área do meu interesse. Não é ele o responsável pela Penitenciaria Apostólica. O penitencieiro-mor é um cardeal americano. Girotti é apenas o segundo da hierarquia.” O diabo se virou para a secretária e instruiu: “Manda aquecer um pouco mais o caldeirão dos jornalistas.”

As escolas públicas, precisam...


ser geridas como empresas.

Enquanto o Estado não assumir essa responsabilidade e proporcionar aos estudades o direito de estudarem e terem isso assegurado, o Brasil vai crescer, mas vai descer sob mesma intensidade.

O reforço vem pela educação, pelo esclarecimento e a luz do conhecimento alcançará nossas crianças e jovens.

Abaixo, um texto otimo sobre o tema, no jornal Valor Economico de hj, dia 03/04/2008
Bônus por desempenho na educação
03/04/2008


Os economistas acreditam que as pessoas querem melhorar seu bem-estar e que elas reagem a incentivos. Isto implica que, se uma parte do salário das pessoas depende explicitamente do seu desempenho, elas irão se esforçar mais para ganhar um salário maior e poder consumir mais. Se isto se aplica a todos os seres humanos, também se aplica aos professores. Com base neste raciocínio, alguns países passaram a adotar um sistema de remuneração variável para os professores de sua rede pública. Segundo este sistema, uma parte da remuneração dos professores depende do desempenho dos seus alunos em exames de proficiência.
No Brasil, este sistema está começando a ser adotado em algumas redes de ensino. Pernambuco definiu um sistema de metas para cada escola, baseadas no fluxo escolar e nas notas dos alunos nos exames de avaliação do Estado. Se as metas forem atingidas, todos os professores e funcionários da escola receberão um salário a mais no final do ano. São Paulo também está preparando um sistema parecido. Estão sendo definidas metas para cada escola, em termos de fluxo escolar e notas no Saresp (sistema de avaliação estadual). Além disto, serão levadas em conta a freqüência dos professores e a estabilidade do corpo docente na escola. Se as metas forem atingidas, todos os professores e funcionários da escola receberão um bônus no valor de até três salários. Será que sistemas deste tipo melhoram a qualidade da educação, medida pelo aprendizado dos alunos?
Como em tudo na vida, há argumentos favoráveis e contrários à adoção de sistemas de remuneração variável na educação. Os favoráveis enfatizam o fato de que os professores faltam muito e que é difícil controlar e punir as faltas, já que o sistema de abono é muito flexível. Além disto, não há incentivos para que os melhores professores se esforcem mais, pois o salário na rede pública depende apenas da escolaridade, do tempo na carreira e da coleção de certificados de formação continuada. Os contrários dizem que os professores não estão na profissão unicamente em busca de recompensa salarial e que a diferenciação de salários provoca competição entre os professores, ao invés de estimular a cooperação necessária para que o aprendizado evolua. Nesta hora, o melhor que podemos fazer é olhar as evidências empíricas. Nos locais em que sistemas deste tipo foram adotados, será que as notas dos alunos melhoraram?
Como em tudo na vida, há argumentos favoráveis e contrários à adoção de sistemas de remuneração variável na educação
As evidências dizem que sim. Existem artigos avaliando experiências de remuneração variável na Índia, Quênia, Israel e Estados Unidos (disponíveis no National Centre on Performance Incentives, Vanderbilt Peabody College). A mais completa foi realizada na Índia. Lá, duzentas escolas foram sorteadas para fazer parte de um grupo no qual os professores passaram a receber incentivos financeiros com base no desempenho dos alunos em provas de matemática e leitura. Um ano após o início do programa, a proficiência dos alunos destas escolas foi comparada com a de escolas que receberam um professor adicional para cada sala de aula, recursos adicionais para investimento ou que não receberam nada (grupo de controle). Em metade das escolas sorteadas, o prêmio para cada professor dependia do desempenho de seus próprios alunos (bônus individual) e, na outra metade, o prêmio dependia do desempenho de todos os alunos da escola (bônus coletivo).
Os resultados desta experiência foram muito interessantes. Nas escolas em que houve a introdução do bônus, o desempenho dos alunos nos exames de proficiência de matemática e leitura melhorou substancialmente com relação às escolas do grupo de controle, tanto em questões envolvendo memória como em questões envolvendo raciocínio. Houve melhora inclusive em provas não usadas para calcular o prêmio, como ciências e estudos sociais. Além disto, não houve diferença significativa de desempenho entre as escolas que adotaram o bônus coletivo e as que adotaram o bônus individual.
Mas por que o desempenho dos alunos nas escolas que adotaram o bônus melhorou? Surpreendentemente, isto não ocorreu devido a uma diminuição nas faltas dos professores destas escolas. O que aconteceu foi que os professores passaram a exigir mais lições de casa, aumentaram as provas preparatórias e deram mais aulas extras fora do horário normal de aulas. Os alunos das escolas que receberam um professor extra para cada sala e recursos adicionais para investimentos também tiveram uma melhora de desempenho, mas a relação benefício/custo dos programas de bônus foi bem superior aos demais. Nos casos de Israel e dos Estados Unidos (Carolina do Norte) as evidências também apontam para uma melhora substancial na qualidade do ensino após a introdução de sistemas de remuneração variável.
Podem surgir problemas com os programas de bônus? Sim. No caso do Quênia, por exemplo, que introduziu um programa de bônus coletivo parecido com o da Índia, o desempenho dos alunos nas escolas em que a política de incentivos foi implementada também melhorou, mas apenas durante a vigência do programa. Além disto, a melhora só ocorreu porque houve um aumento nas provas preparatórias para o exame. O desempenho dos alunos em outras provas (não ligados ao programa) não melhorou. Parece que, neste caso, os professores estavam treinando os alunos especificamente para passarem nos exames que determinavam o bônus.
Que lições estas experiências podem trazer para as nossas redes de ensino, que estão implementando programas de bônus por desempenho? As evidências de outros países são bastante animadoras. Parece que a introdução de sistemas de remuneração variável aumenta o esforço dos professores e também o desempenho dos alunos. Entretanto, temos que ter cuidado para evitar que os professores tenham um comportamento oportunista, esforçando-se apenas para que os alunos tenham um bom resultado nos exames que interessam para o bônus. Por outro lado, dado que o desempenho dos nossos alunos nos exames internacionais de matemática e leitura é tão ruim, fazer com que os professores se concentrem em ensinar estas matérias pode não ser uma má idéia, desde que os exames sejam bem elaborados.
Naércio Menezes Filho é professor de economia do IBMEC-SP e da FEA-USP e diretor de pesquisas do Instituto Futuro Brasil, escreve mensalmente às sextas-feiras e excepcionalmente hoje.

terça-feira, abril 01, 2008

Weber e a Ética Protestante


Max Weber e a ética protestante


Por Alberto Carlos Almeida, de São Paulo, no Valor de 28/03/2008


Max Weber imortalizou a teoria que mostra a diferença entre as sociedades protestantes - luteranas e calvinistas - e as sociedades católicas no que diz respeito à ética econômica. Segundo ele, a teologia protestante liberou o homem para a aquisição monetária. Para o protestantismo europeu, os homens estariam predestinados, alguns seriam salvos e iriam para o céu e outros condenados ao fogo do inferno. Isso não dependia de obras, era uma predestinação. Restava a cada homem procurar um certo consolo psicológico que o levasse a crer que seria um dos escolhidos. Essa segurança psicológica era fornecida por uma permanente glorificação de Deus por meio do trabalho.
Antes dessa doutrina, o trabalho era malvisto. Apenas aqueles que iam para os monastérios estavam assegurando a sua salvação. Os demais homens, que viviam fora dos conventos, trabalhando, quase certamente iriam para o inferno. Lutero quis ser religioso justamente para assegurar sua salvação. A sua mudança de rota, decidindo não mais seguir a carreira monástica, só poderia ser conciliada com a salvação caso ela fosse obtida por outros meios, e este seria o trabalho.
É interessante o que a doutrina luterana e a calvinista fazem - democratizam o acesso à salvação. Antes, a salvação era obtida por meio da vocação religiosa, da compra de indulgências e de outros caminhos a que nem todos tinham acesso, como a realização de obras de caridade e boas ações. Como afirmara Weber, o catolicismo da época exigia que o homem fosse para "fora do mundo" caso quisesse obter a salvação. O que Lutero e Calvino criaram foi a salvação, ou melhor, a crença de que se era um dos escolhidos por meio de ações "dentro do mundo". Muito simples: bastava trabalhar. Algo mundano, algo que todos faziam. Foi criada então a ética do trabalho. Trabalha-se, trabalha-se, cada dia mais, apenas para glorificar Deus. O trabalho gera riqueza e a riqueza é acumulada. Surge o espírito do capitalismo como resultado não intencional da ética protestante.
Mas será que foi realmente isso que aconteceu? Weber poderia ter errado? Suas evidências poderiam ter sido mais anedóticas do que realmente estatísticas? O belo estudo de Sascha O. Becker e Ludger Wossmann, "Was Weber Wrong?", dedica-se a essa questão.
Toda religião trata de diversos assuntos. Com o protestantismo não foi diferente. Comparada à do catolicismo, a ética do trabalho era diferente. Porém, o que diziam o luteranismo e o calvinismo em relação ao estudo? E em relação ao sagrado? Qualquer que fosse o assunto, o espírito do protestantismo era a democratização. O trabalho democratizava o acesso à sensação de salvação. A tradução da "Bíblia" para o alemão democratizava o acesso à palavra de Deus. A redução do número de sacramentos, dos sete da Igreja Católica para apenas dois, o batismo e a comunhão, diminuía a presença do sagrado no dia-a-dia das pessoas, o que também consistia uma mudança democrática. E assim por diante.
A "Bíblia" só existia em latim até o dia em que Lutero decidiu colocá-la no alemão. Mas seria inútil que a palavra de Deus fosse passada para a língua germânica caso as pessoas não fossem capazes de lê-la. Assim, a teologia luterana e calvinista pregava a democratização do acesso à capacidade de ler.
Sabe-se, em razão de inúmeros bons estudos acadêmicos, que o sistema educacional da antiga Prússia foi baseado na igreja luterana. Os nobres, que no catolicismo punham seus recursos financeiros no sustento de monastérios e conventos, com o seu fechamento decidiram redirecionar os recursos para educar a população. Conseqüentemente, alguns países largaram na frente quando o assunto foi a educação de toda a população: Suíça, Holanda, o território que se tornaria a moderna Alemanha e a Inglaterra. Uma curiosidade sobre a Suíça: além da valorização da "educação para todos", a teologia calvinista retirou o caráter pecaminoso da cobrança de juros. Não por acaso a Suíça saiu na frente, na Europa, na formação do sistema bancário.
Na Europa continental o desenvolvimento econômico coincidiu com o mapa da expansão do luteranismo. Sascha O. Becker e Ludger Wossmann mostraram por meio de modelos estatísticos sofisticados, mas traduzidos em mapas bastante compreensíveis, que o nível educacional e, como conseqüência, o desenvolvimento estiveram fortemente correlacionados com a força da religião reformada. No mapa 1 o xis preto mostra a cidade de Lutero. A religião que ele fundara era mais forte perto de sua cidade e mais fraca à medida que as regiões ficavam mais distantes. A área em vermelho indica que mais de 75% da população adulta era protestante no século XIX. Na área cinza a proporção de luteranos fica entre 25 e 75% e nas regiões azuis era menor do que 25%.
Não é coincidência, quando sabemos o que diz a teologia luterana acerca da necessidade de educar as pessoas e treiná-las a ler e escrever, que o mapa 2 indique a correlação entre nível de alfabetização e a popularidade do luteranismo. As áreas em vermelho mostram onde a alfabetização era maior do que 92%. Em cinza estão os locais com alfabetização entre 85 e 91% e em azul as regiões onde a taxa de alfabetização era menor do que 85%.
A religião teve impacto na educação e esta, por sua vez, teve impacto no desenvolvimento econômico. Isso é o que se vê nos mapas 3 e 4. Eles mostram o emprego no setor mais dinâmico da economia e a renda em marcos. Em vermelho estão os locais onde mais de 30% da população estava empregada na indústria e nos serviços. Em azul, onde menos de 22% trabalhavam nesses setores e em cinza, onde de 22 a 30% da população era empregada pela indústria e serviços. Mais uma vez, no mapa 4 o vermelho indica uma renda mais alta, acima de 940 marcos. Em azul estão as regiões de renda mais baixa do que 850 marcos e em cinza a renda intermediária.
Ficou provado que Weber estava errado, ainda mais quando se sabe que os autores do estudo controlaram a análise estatística por outras variáveis. Para Weber, o capitalismo e o desenvolvimento estavam correlacionados com uma ética do trabalho que só o protestantismo tinha. Para nossos modernos autores, que hoje podem lançar mão de modernas técnicas estatísticas, o desenvolvimento está correlacionado, sim, com a religião, mas não por causa da ética do trabalho - por causa da ética da educação.
Aliás, faz muito mais sentido imaginar que o desenvolvimento esteja relacionado com a educação do que com uma suposta ética do trabalho. O capitalismo não nasceu porque as pessoas passaram a valorizar mais o trabalho, mas porque passaram a ter mais qualificação para trabalhar de forma mais produtiva. Mais do que isso, o aumento do nível educacional tem impacto em outros fatores sociais também importantes: aumenta a participação política e o associativismo, facilita o desenvolvimento de diferentes modalidades de ação coletiva e assim por diante.
Isso é uma boa notícia para os países que não têm matriz católica, como é o Brasil. É mais fácil melhorar o nível educacional de um país do que fazer as pessoas valorizar mais o trabalho. Há um grande empecilho para melhorar o nível educacional do Brasil: educação não dá voto. Isso ocorre porque a população não dá valor à educação. Portanto, se avançarmos em tais indicadores isso será resultado de uma decisão da elite empresarial e governante. Aliás, um segmento importante da elite empresarial já está sentindo pesadamente o efeito da baixa qualificação de nossa mão-de-obra. A escassez desse pessoal tende a aumentar e, portanto, aumentará também a pressão do mundo dos negócios sobre Brasília e outros centros de decisão.
Em breve, sem o protestantismo como nossa matriz social, passaremos a trilhar o mesmo caminho de outros países católicos que decidiram tirar o atraso em relação aos países protestantes. Alguns exemplos são a Irlanda, a Espanha e a Itália. Portugal ainda é um dos países europeus mais atrasados no nível educacional. Quiçá o Brasil trilhará o caminho dos primeiros.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo e professor universitário, é autor de "A Cabeça do Brasileiro" (Record)

segunda-feira, março 31, 2008

É preciso adequar-se às mudanças, aos 30, 40 ou 50 anos
Walter Machado de Barros


Nosso velho conhecido, Philip Kotler, de 78 anos, em seu mais conhecido compêndio sobre marketing ("Administração de Marketing"), quando abre o capítulo dedicado a preparação do planejamento estratégico, reproduz um pensamento de autoria anônima que diz: "Há três tipos de empresas: as que fazem as coisas acontecerem; as que observam as coisas acontecerem e as que se espantam com o que aconteceu".
Adaptando o pensamento acima, sem margem de erro, afirmaria que "há três tipos de profissionais: os que fazem as coisas acontecerem; os que observam as coisas acontecerem e os que se espantam com o que aconteceu".
No mundo dos negócios, constata-se uma luta de gerações, pressionadas por uma força de trabalho, que diariamente entra no mercado, forçando com os cotovelos, a conquista de um espaço no grupo conhecido como estagiários, trainees e assistentes. Essa geração, no exercício de seu primeiro emprego, busca participar do seleto grupo conhecido como "população economicamente ativa", segundo os economistas.
Nesta luta, os menos jovens- hoje na faixa de idade compreendida entre 35 e 38 anos-, ou aceitam atavicamente o seu destino no mercado informal de trabalho, ou vão à luta, se reciclam, se renovam, reinventando o profissional que enfrentará novas batalhas. Muitos acabam se perdendo pelo caminho, porém, os que vencem ficam mais sábios, eficientes e eficazes, com vantagens competitivas que, certamente, contribuirão para gerar valor para as empresas-contratantes.
Por outro lado, os jovens senhores profissionais de 50 anos lutam contra a força propulsora que busca colocá-los fora do mercado de trabalho. Estão enfrentando um impulso crescente, em escala jamais vista: o de encarar com a mesma energia e intensidade os jovens profissionais na faixa de 35 a 38 anos de idade, que armados com seus diplomas de mestrados e doutorados, também perseguem os melhores cargos como que se buscassem o santo Graal. Para esses jovens senhores, a saída é "correr contra o prejuízo". Não se deve acreditar na perpetuação de seus cargos e na fidelização de suas chefias que, em situação limite, também lutarão pela sobrevivência profissional. Além disso, seja chefe ou subordinado, todos serão medidos, avaliados pelos resultados apresentados, independente da faixa etária ou especializações acumuladas.
Esses dois grupos, os menos jovens de 35 a 38 anos e os jovens senhores de 50 anos acabam por freqüentar os mesmos locais em busca de cursos de reciclagem profissional, promovidos por escolas de ponta. Todos com o objetivo de adequar suas habilidades e adestramento para liderar a batalha das mudanças que as empresas tanto necessitam nesta época de globalização e busca voraz de vantagens competitivas.
Na busca por aptidões que atendam à globalização é que surge o "novo gerente". Uma espécie de líder da mudança que faz a diferença, porque aprendeu novas habilidades para modificar o comportamento das pessoas que geram resultados cada vez melhores, com maior rapidez que os concorrentes.
Em 1996, o livro intitulado "Os verdadeiros líderes da Mudança" (Editora Campus), de autoria de Jon R. Katzenback e da equipe de Real Change Leaders da McKinsey & Co., já tratava do complexo tema da Mudança, deixando claro que muitas organizações têm ativos preciosos: homens e mulheres comuns, que devem ser transformados em líderes da mudança.
No ano seguinte, Richard Edler escreveu o livro "Ah, se eu soubesse..." com o sub-titulo "O que as pessoas bem-sucedidas gostariam de ter sabido 25 anos atrás" (Negócio Editora). Edler levou doze anos para coletar respostas de diferentes pessoas a uma mesma questão: "O que você sabe agora, mas gostaria de ter sabido 25 anos atrás?" O livro se inicia com parte de um discurso proferido por Adlai Stevenson, por duas vezes candidato à presidência dos EUA, na década de 50, para os formandos da Princenton University, que vale reproduzir.
"O que um homem sabe aos cinqüenta anos que não saberia aos vinte é, em grande parte, incomunicável... todas as observações úteis sobre a vida, passíveis de transmissão, podem ser bem conhecidas por um homem de vinte anos tão atento quanto um de cinqüenta. Tudo pode ter-lhe sido contado, ele pode ter-se entregue a toda a literatura à respeito, mas ele não viveu totalmente as experiências. O que se sabe aos cinqüenta que não se sabe aos vinte, não é o conhecimento de fórmulas ou formas de palavras, mas sim de pessoas, lugares, ações- um conhecimento derivado do toque, da visão, da audição, das vitórias e derrotas, da insônia, da devoção, do amor- e de experiências humanas e emoções deste planeta, de si próprio e de outro homem. Talvez, também, de um pouco de fé e de uma pequena reverência às coisas que não podemos ver."
O texto acima traduz com bastante clareza o principal ativo de um homem: sua experiência vivencial, um conhecimento derivado de vitórias e derrotas, de insônias, de amor, enfim, do atrevimento de ousar, de fazer acontecer e saborear o doce mel das vitórias e o amargo das derrotas, o difícil aprendizado desta fascinante jornada.
Portanto, vale ressaltar que temos que descobrir novas ilhas de eficiência e sempre trabalhar para gerar valor. Relaxe e curta o seu caminho. Ontem é passado. Amanhã ainda não chegou. Mas hoje é absolutamente glorioso. E é seu para aproveitar.


Walter Machado de Barros é presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-SP) e sócio-diretor da WMB Consultoria de Gestão



fonte: Jornal Valor Econômico do dia 31/3/2008
É preciso adequar-se às mudanças, aos 30, 40 ou 50 anos
Walter Machado de Barros31/03/2008


Nosso velho conhecido, Philip Kotler, de 78 anos, em seu mais conhecido compêndio sobre marketing ("Administração de Marketing"), quando abre o capítulo dedicado a preparação do planejamento estratégico, reproduz um pensamento de autoria anônima que diz: "Há três tipos de empresas: as que fazem as coisas acontecerem; as que observam as coisas acontecerem e as que se espantam com o que aconteceu".
Adaptando o pensamento acima, sem margem de erro, afirmaria que "há três tipos de profissionais: os que fazem as coisas acontecerem; os que observam as coisas acontecerem e os que se espantam com o que aconteceu".
No mundo dos negócios, constata-se uma luta de gerações, pressionadas por uma força de trabalho, que diariamente entra no mercado, forçando com os cotovelos, a conquista de um espaço no grupo conhecido como estagiários, trainees e assistentes. Essa geração, no exercício de seu primeiro emprego, busca participar do seleto grupo conhecido como "população economicamente ativa", segundo os economistas.
Nesta luta, os menos jovens- hoje na faixa de idade compreendida entre 35 e 38 anos-, ou aceitam atavicamente o seu destino no mercado informal de trabalho, ou vão à luta, se reciclam, se renovam, reinventando o profissional que enfrentará novas batalhas. Muitos acabam se perdendo pelo caminho, porém, os que vencem ficam mais sábios, eficientes e eficazes, com vantagens competitivas que, certamente, contribuirão para gerar valor para as empresas-contratantes.
Por outro lado, os jovens senhores profissionais de 50 anos lutam contra a força propulsora que busca colocá-los fora do mercado de trabalho. Estão enfrentando um impulso crescente, em escala jamais vista: o de encarar com a mesma energia e intensidade os jovens profissionais na faixa de 35 a 38 anos de idade, que armados com seus diplomas de mestrados e doutorados, também perseguem os melhores cargos como que se buscassem o santo Graal. Para esses jovens senhores, a saída é "correr contra o prejuízo". Não se deve acreditar na perpetuação de seus cargos e na fidelização de suas chefias que, em situação limite, também lutarão pela sobrevivência profissional. Além disso, seja chefe ou subordinado, todos serão medidos, avaliados pelos resultados apresentados, independente da faixa etária ou especializações acumuladas.
Esses dois grupos, os menos jovens de 35 a 38 anos e os jovens senhores de 50 anos acabam por freqüentar os mesmos locais em busca de cursos de reciclagem profissional, promovidos por escolas de ponta. Todos com o objetivo de adequar suas habilidades e adestramento para liderar a batalha das mudanças que as empresas tanto necessitam nesta época de globalização e busca voraz de vantagens competitivas.
Na busca por aptidões que atendam à globalização é que surge o "novo gerente". Uma espécie de líder da mudança que faz a diferença, porque aprendeu novas habilidades para modificar o comportamento das pessoas que geram resultados cada vez melhores, com maior rapidez que os concorrentes.
Em 1996, o livro intitulado "Os verdadeiros líderes da Mudança" (Editora Campus), de autoria de Jon R. Katzenback e da equipe de Real Change Leaders da McKinsey & Co., já tratava do complexo tema da Mudança, deixando claro que muitas organizações têm ativos preciosos: homens e mulheres comuns, que devem ser transformados em líderes da mudança.
No ano seguinte, Richard Edler escreveu o livro "Ah, se eu soubesse..." com o sub-titulo "O que as pessoas bem-sucedidas gostariam de ter sabido 25 anos atrás" (Negócio Editora). Edler levou doze anos para coletar respostas de diferentes pessoas a uma mesma questão: "O que você sabe agora, mas gostaria de ter sabido 25 anos atrás?" O livro se inicia com parte de um discurso proferido por Adlai Stevenson, por duas vezes candidato à presidência dos EUA, na década de 50, para os formandos da Princenton University, que vale reproduzir.
"O que um homem sabe aos cinqüenta anos que não saberia aos vinte é, em grande parte, incomunicável... todas as observações úteis sobre a vida, passíveis de transmissão, podem ser bem conhecidas por um homem de vinte anos tão atento quanto um de cinqüenta. Tudo pode ter-lhe sido contado, ele pode ter-se entregue a toda a literatura à respeito, mas ele não viveu totalmente as experiências. O que se sabe aos cinqüenta que não se sabe aos vinte, não é o conhecimento de fórmulas ou formas de palavras, mas sim de pessoas, lugares, ações- um conhecimento derivado do toque, da visão, da audição, das vitórias e derrotas, da insônia, da devoção, do amor- e de experiências humanas e emoções deste planeta, de si próprio e de outro homem. Talvez, também, de um pouco de fé e de uma pequena reverência às coisas que não podemos ver."
O texto acima traduz com bastante clareza o principal ativo de um homem: sua experiência vivencial, um conhecimento derivado de vitórias e derrotas, de insônias, de amor, enfim, do atrevimento de ousar, de fazer acontecer e saborear o doce mel das vitórias e o amargo das derrotas, o difícil aprendizado desta fascinante jornada.
Portanto, vale ressaltar que temos que descobrir novas ilhas de eficiência e sempre trabalhar para gerar valor. Relaxe e curta o seu caminho. Ontem é passado. Amanhã ainda não chegou. Mas hoje é absolutamente glorioso. E é seu para aproveitar.

Walter Machado de Barros é presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-SP) e sócio-diretor da WMB Consultoria de Gestão

fonte: Jornal Valor Econômico do dia 31/3/2008

sexta-feira, março 28, 2008

Terra rotunda est



fonte: forumdaliberdade.com.br (onde este que vos escreve estará no proximo final de semana em POA)



Por Eugênio Hackbart *

O filme Uma Verdade Inconveniente apresenta a versão de que existe um consenso científico acerca da influência humana nas mudanças climáticas, afirmação que encontra eco sistematicamente na mídia que adotou sem maiores questionamentos a mesma conclusão. A realidade, porém, é outra. Um grande número de cientistas não integra o suposto consenso. Muitos deles, inclusive, são considerados os maiores especialistas do mundo em suas linhas de pesquisa. Sem os holofotes dos encontros do IPCC da ONU, realizou-se em Nova Iorque neste começo de março a Conferência Internacional de Mudanças Climáticas, evento que contou com uma centena de palestrantes dos mais variados países. Entre eles, em comum, a idéia de que as mudanças no clima se devem principalmente a fatores naturais. São os denominados “céticos”. A cobertura, mínima no Brasil, foi equilibrada no exterior, salvo pequenas exceções. O repórter da CNN Miles O’Brien, um defensor da idéia do aquecimento global antropogênico, comparou os céticos aos antigos defensores da teoria de que a Terra seria plana. O planeta não é chato, mas estão longe de me convencer de que a humanidade suplantou as forças naturais no sistema climático.
Clima de medoEm 2006, sob o título Clima de Medo, o renomado pesquisador do Massachussets Institute of technology (MIT), Richard Lindzen, denunciou nas páginas do Wall Street Journal os constrangimentos e intimidações a que são submetidos muitos cientistas por ousarem duvidar da corrente dominante. Os financiamentos para pesquisas de quem ousa remar contra a maré apocalíptica se esvaem à medida que são direcionados para pesquisadores integrantes da corrente da hora e preferencial. Pessoas convidadas para a conferência em Nova Iorque declinaram da participação sob a alegação, acredite, que poderiam perder seus empregos. Quem recusou também o convite para debater foram os principais cientistas defensores da influência humana no clima. O que temem?
Debater é precisoPor não existir um consenso é que as pessoas têm direito a conhecer os diferentes lados do pensamento científico. O contrário somente pode ser classificado como obscurantismo. O aquecimento global gerado pela influência humana está longe de ser uma tese a prova de qualquer questionamento. Por isso, são saudáveis iniciativas como a do XXI Fórum da Liberdade que trará à Porto Alegre no próximo mês de abril o pesquisador alagoano Luiz Carlos Molion que, assim como este colunista das páginas dos domingos do jornal ABC, está entre os poucos meteorologistas no Brasil a insistir que as causas das mudanças climáticas seriam eminentemente naturais e que o debate científico não pode ser suplantado.
* Eugenio Hackbart é meteorologista e Diretor-Geral da MetSul Meteorologia. Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Unisinos nos cursos de História Natural e Biologia, desenvolveu através do Ministério da Aeronáutica a sua habilitação como meteorologista, sendo credenciado pelo CREA-RS ainda em 1983.

quinta-feira, março 20, 2008

A rainha dos E.U.A



Condoleezza Rice


Quem é:

Secretária de Estado americana desde 2005, foi conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca. Tem 53 anos


O que faz:

Formou-se em Ciências Políticas com apenas 15 anos. Publicou livros sobre a unificação alemã, a era Gorbatchev e outros temas relacionados ao Leste Europeu e à União Soviética. Foi reitora da Universidade Stanford por seis anos. É fluente em russo e pianista nas horas vagas


fonte: Revista Época :: Edição nº 513

terça-feira, março 18, 2008

(foto de Greenspan)




Amigos leitores,
Eu não quero comentar muito, mas um aviso aos:


A esquizofrenia econômica que o mundo enfrenta, vai mandar milhões mais uma vez pra vala do desespero!


Eles irão propor uma nova medida, irão dizer que nada vai acontecer, criarão possibilidades (leia-se ilusões) e o homem abandonado, sozinho, será mais uma vez destituído de seu próprio eu.


É assim, assim mesmo que funciona a máquina do capitalismo moderno, que eliminou Lutero e introduziu Carl Marx.


Nem eles mesmos, sabem o que dizem e nem compreendem o que fizeram. O crach de 1929 está a porta. Ele vai bater.






Hoje, no jornal Folha de S. Paulo, artigo de Span:




ARTIGO

Jamais teremos um modelo perfeito de risco


Ex-presidente do Fed (BC dos EUA) diz que é preciso reavaliar modelos diante da crise financeira sem ameaçar a flexibilidade do mercado e livre competição
ALAN GREENSPANESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"

A ATUAL crise financeira nos Estados Unidos provavelmente será vista em retrospecto como a mais dolorosa depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45). Ela terminará quando os preços das casas se estabilizarem, e com eles o valor de capital dos imóveis que serve de lastro aos títulos hipotecários que estão em crise. A estabilização dos preços das casas restaurará uma clareza muito necessária ao mercado, porque os prejuízos terão se concretizado, em lugar de existirem como perspectiva. Uma fonte de contágio grave será eliminada. As instituições financeiras se recapitalizarão ou fecharão as portas. A confiança na solvência das empresas restantes será gradualmente restaurada, e as emissões de títulos e concessões de empréstimos lentamente voltarão ao normal. Ainda que o estoque de residências vagas pertencentes a construtoras e investidores tenha atingido seu pico recentemente, até que esse estoque comece a ser liquidado de forma consistente, o nível em que os preços se estabilizarão continuará a ser problemático. A bolha da habitação dos Estados Unidos atingiu seu pico no começo de 2006 e foi seguida por uma abrupta e rápida retirada ao longo dos dois últimos anos. Desde a metade de 2006, centenas de milhares de proprietários de imóveis, alguns dos quais impelidos pela execução de hipotecas, trocaram suas casas próprias por moradias de aluguel, o que gerou um excedente de cerca de 600 mil imóveis residenciais vagos, em larga medida controlados por investidores, e estas unidades continuam à venda. Os construtores apanhados pela rápida contração de mercado elevaram esse total involuntariamente em cerca de 200 mil unidades cuja construção foi concluída depois que a crise começou, reforçando o segmento de "casas vazias à venda". Os preços dos imóveis residenciais vêm recuando rapidamente, ao peso desse estoque excedente. A construção de imóveis residenciais se reduziu em 60% do começo de 2006 para cá, mas apenas recentemente caiu abaixo da demanda por moradia. De fato, esse nível muito reduzido de novas unidades ainda por chegar ao mercado, somado ao aumento de cerca de 1 milhão de unidades no número de novos domicílios que devem ser formados este ano nos Estados Unidos, bem como à demanda implícita por casas de férias e por imóveis de substituição, implicarão, combinados, um declínio de cerca de 400 mil unidades no estoque de casas vazias à venda, ao longo do ano de 2008. O ritmo de redução do estoque provavelmente se acelerará à medida que a construção de novas unidades se reduzir ainda mais. O nível de preço das casas provavelmente se estabilizará tão logo esse ritmo de redução de estoque atinja seu ponto mais elevado, o que acontecerá bem antes da eliminação completa do estoque excedente. Mas esse momento está ainda a um número indeterminado de meses de distância. Colapso na avaliaçãoA crise causará muitas baixas. Um segmento que sofrerá danos graves será o atual sistema de avaliação de riscos financeiros, que exibiu colapso de algumas de suas partes mais importantes, quando exposto a desgaste severo. As pessoas que acreditavam que as instituições de crédito agiriam, em seu próprio interesse, para defender o capital dos acionistas certamente estão chocadas, atônitas. Mas espero que uma das vítimas da crise não venha a ser a idéia de vigilância por parte do próprio mercado, e em termos mais amplos o uso da auto-regulamentação como forma de propiciar equilíbrio fundamental às finanças mundiais. Os problemas, pelo menos nos estágios iniciais da crise foram mais pronunciados entre os bancos, cujo sistema de regulamentação é bastante elaborado já há muitos anos. É certo que os sistemas utilizados para estabelecer requisitos de capitalização bancária desenvolvidos ao longo das duas últimas décadas passarão por substancial reforma, à luz das recentes experiências. De fato, os investidores privados já estão exigindo cauções e capital mais fortes, e os especialistas reunidos sob os auspícios do Banco de Compensações Internacionais (BIS) certamente emendarão as regras do acordo regulatório Basiléia 2, recentemente assinado. Outro fator questionado, ao menos tangencialmente, são os elegantes modelos matemáticos de previsão econômica que uma vez mais se provaram incapazes de antecipar uma crise financeira ou o início de uma recessão. Os sistemas do mercado de crédito e seus graus de endividamento e liquidez têm por raiz a confiança em que as contrapartes são solventes. Essa confiança sofreu sério abalo em 9 de agosto de 2007, quando o BNP Paribas revelou grandes prejuízos imprevistos em suas transações com títulos "subprime" (alto risco) americanos. Os sistemas de administração de risco e os modelos que os embasam supostamente deveriam nos proteger contra prejuízos superdimensionados. O que saiu errado? O que deu errado?O problema essencial é que os nossos modelos tanto os de risco quanto os econométricos, por mais complexos que se tenham tornado, ainda assim são simples demais para capturar a ampla gama de variáveis que definem e propelem a realidade econômica mundial. Um modelo representa necessariamente uma abstração, com relação aos detalhes plenos do mundo real. Respeitando a antiga tradição de que diversificação representa redução de risco, os computadores trabalham com imensos volumes de dados históricos em busca de correlações negativas entre os preços dos ativos negociáveis, correlações que poderiam ajudar a isolar as carteiras de investimentos contra as oscilações mais amplas da economia. Mas quando esses preços de ativos, em lugar de compensarem os movimentos uns dos outros, despencaram em uníssono, em 9 de agosto do ano passado, surgiram prejuízos imensos em virtualmente todas as classes de ativos de risco. A explicação mais confiável quanto ao desempenho tão medíocre de modelos estatísticos desenvolvidos segundo as mais modernas técnicas é que os dados subjacentes utilizados para estimar a estrutura dos modelos são extraídos tanto de períodos de euforia quanto de períodos de medo, ou seja, de regimes que apresentam dinâmicas diferentes em muitos aspectos importantes. A fase de contração dos ciclos de crédito e negócios, propelida pelo medo, historicamente vem sendo muito mais curta e muito mais abrupta do que a fase de expansão, propelida por um acúmulo lento mas cumulativo de euforia. Ao longo dos últimos 50 anos, a economia norte-americana só esteve em contração um sétimo do tempo. Mas é o momento em que esses períodos se iniciam que é o objetivo dos sistemas de administração de risco. Correlações negativas entre classes de ativos, tão evidentes durante uma expansão, podem entrar em colapso quando todos os preços de ativos caem juntos, o que solapa a estratégia de melhorar o equilíbrio entre risco e recompensa por meio da diversificação. Se pudéssemos modelar adequadamente cada fase do ciclo, em separado, e adivinhar que sinais nos indicariam que um regime está a ponto de mudar, os sistemas de administração de riscos poderiam ser muito melhorados. Um problema difícil é que boa parte do comportamento dúbio dos mercados financeiros que emerge cronicamente durante uma fase de expansão resulta não da ignorância ou de uma má avaliação dos riscos, mas da preocupação de que, ao menos que uma empresa participe da euforia em curso, ela perderá mercado de maneira irrecuperável. VulnerabilidadeA administração de riscos procura maximizar os níveis de retorno sobre o capital, ponderados de acordo com o risco; muitas vezes, no processo, o capital subutilizado é considerado como "desperdício". Os dias em que os bancos se orgulhavam de suas excelentes classificações de crédito e em que chegavam a dar a entender (muitas vezes com razão) que possuíam reservas financeiras secretas, o que lhes conferia uma aura de invulnerabilidade, há muito são coisa do passado. Hoje, ou pelo menos antes do 9 de agosto de 2007, os ativos e o capital que definem uma classificação de crédito excelente, ou costumavam fazê-lo, são caros demais em termos de competitividade. Não quero dizer que os sistemas atuais de administração de risco ou previsão econométrica não tenham, em larga medida, raízes sólidas no mundo real. A exploração dos benefícios da diversificação nos modelos de administração de riscos é inquestionavelmente sólida, e o uso de um modelo macroeconométrico elaborado gera disciplina nas previsões. Ele requer, por exemplo, que a poupança equivalha ao investimento, que a propensão marginal de consumo seja positiva e que os estoques não sejam negativos. Essas restrições, entre outras, eliminaram a maior parte das incômodas inconsistências nas projeções financeiras de meio século atrás. Ciclos de euforia e medoMas esses modelos não capturam com exatidão aquilo que foi, até o momento, apenas um adendo periférico à modelagem de ciclos de negócios e financeiros: as respostas humanas inatas que resultam em oscilação entre euforia e medo, as quais se repetem de geração em geração, com poucos indícios que haja uma curva de aprendizado em ação. As bolhas nos preços dos ativos se acumulam e explodem hoje como o fazem desde o começo do século 18, quando os mercados competitivos modernos começaram a evoluir. É certo que tendemos a classificar essas respostas comportamentais como não racionais. Mas as preocupações de quem realiza previsões não deveriam se dirigir à racionalidade ou não das respostas humanas, e sim apenas ao fato de que elas sejam passíveis de observação, e sistemáticas. Esta, para mim, é a grande "variável explanatória" ausente tanto nos modelos de administração de risco quanto dos macroeconométricos. A prática atual envolve introduzir o conceito de "vigor animal", como diria John Maynard Keynes, na forma de "fatores de adição". Ou seja, nós alteramos arbitrariamente o resultado das equações de nossos modelos. Mas adicionar fatores é um reconhecimento implícito de que esses modelos, na forma pela qual os empregamos atualmente, padecem de uma deficiência estrutural; eles não tratam em extensão suficiente do problema da variável ausente. Jamais seremos capazes de antecipar todas as descontinuidades nos mercados. Elas representam, necessariamente, surpresas. Os eventos antecipados são computados nos modelos. Mas se, como suspeito fortemente, os períodos de euforia são difíceis de suprimir em seu processo de acumulação, eles não entrarão em colapso até que a febre especulativa passe sem ajuda. Paradoxalmente, na medida em que a administração de risco pode obter sucesso na identificação de episódios como esse, ela se torna capaz de prolongar e ampliar o período de euforia. Mas a administração de risco jamais atingirá a perfeição. Ela terminará por fracassar, e uma realidade perturbadora será exposta, revelando uma resposta descontínua inesperada e intensa. Na crise atual, como em crises anteriores, podemos aprender muito. E as futuras decisões econômicas serão influenciadas por essas lições. Mas não podemos esperar que seja possível antecipar os detalhes específicos de futuras crises, ao menos não de forma confiante. Por isso se torna importante, ou mesmo crucial, que quaisquer reformas e ajustes à estrutura do mercado e da regulamentação não inibam nossas mais confiáveis e efetivas salvaguardas contra os erros econômicos cumulativos: a flexibilidade do mercado e a livre competição.


ALAN GREENSPAN foi presidente do Federal Reserve (1987-2006) e é autor de "A Era da Turbulência" (ed. Campus)

terça-feira, março 04, 2008

Um ser ou Uma Coisa?


Células-troco, votação será amanhã pelo Supremo Tribunal Federal se se libera ou não estudos com este tipo de ser vivo.


E você concorda que se pode matar porque ainda não tem olhos e nem bocas ou deve-se deixar vivas sem "descartar" como se tem proposto?


Se é contra, assine nosso abaixo assinado virtual e prepare-se conosco pra grande guerra entre Ser Humano x Potência Econômica.

Valores éticos ou dinheiro para empresários.


Preparem-se e orem


assine:

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

O que vem por aí???


Lula y Sarkozy, con residentes de la Guayana Francesa Foto: Reuters
lanacion.com.ar

quinta-feira, janeiro 24, 2008

sexta-feira, janeiro 18, 2008

China vê o crescimento de um budismo consumista


Olá leitores.
Bom, hoje quero compartilhar com vocês uma matéria do jornal Valor Econômico, sobre a entrada do mercado de consumo na China por exemplo, que vem influenciando áreas outrota muito conservadoras daquele povo. Eu nunca vi a China (e tb a Índia) com muito bons olhos e continuo com uma trave sobre os tais. Os drs. do mundo Capitalista sempre, em todo congresso, reunião, noticiários de rádio, artigos, publicações falam super bem destes países, ainda que o índice de exploração de mão de obra neles é muito alto e por demais nem um pouco "corretamente tributáveis", digo, correto com os direitos dos trabalhadores. Lá, trabalhadores assalariados cumprem carga horária de 12 horas diárias, com apenas 1 dia de folga em 31 dias de jornada.

A China, está abrindo suas portas de ferro para o mundo Capitalista e o mundo tem sofrido graves consequencias economicas por causa desta ousada "avetura".

Abaixo, compartilho com vocês uma matéria sobre o budismo e pinceladas do "zeitgheist" chinês no século XXI.
Vale muito a pena ler.


Dexter Roberts
17/01/2008 - No Jornal Valor Econômico


No início de dezembro, os círculos que fazem e acontecem em Pequim convergiram para sua área central de negócios, para a inauguração da galeria Kunlun. Bebericando Veuve Clicquot e champanhe Mumm, os magnatas do mercado imobiliário, guerreiros do mercado acionário e celebridades vestidas com Prada admiravam peças de estatuária budista da dinastia Ming e pinturas em pergaminhos do século XV.


Quatro obras de arte tibetanas acabaram compradas por US$ 3,4 milhões e, em um leilão seguinte, oito dias depois, 87 peças de arte budista alcançaram um preço total de US$ 10,4 milhões. Para o proprietário da galeria, um empreendedor meio tibetano, meio chinês, Yi Xi Ping Cuo, 35 anos, as vendas aquecidas foram outra evidência da popularidade do budismo na China. "A cada ano, há novos milhões de budistas", diz Yi. "Evidentemente, eles querem colocar uma estatueta budista em seus lares deixar seus corações tranqüilos."


O budismo está em alta - algo bastante paradoxal - tendo em vista o ateísmo oficial do Partido Comunista e sua relação difícil com o Dalai Lama. A crescente popularidade da fé reflete um anseio por sentido de vida entre os yuppies chineses, atraídos cada vez mais pelas peculiaridades budistas de rejeição ao materialismo e ênfase na natureza transitória da vida. "Eles têm um BMW e uma casa no campo", diz Lawrence Brahm, um americano que administra três hotéis-butique, entre eles um no Tibete. "E eles estão enfadados. Estão se dando conta de que há mais coisas na vida do que colecionar brinquedos." O modismo budista produziu um surto de negócios relacionados à fé: vôos para a capital tibetana, Lhasa, estão totalmente tomados, os mosteiros estão construindo acomodações para hóspedes e proliferam websites oferecendo mantras para download gratuito.


O budismo chegou à China proveniente da Índia no primeiro século da era cristã e floresceu até a era moderna. Depois que os comunistas tomaram o poder, em 1949, desestimularam as práticas religiosas. Mas, assim como o cristianismo, o budismo nunca desapareceu de todo. Alguns crentes continuaram, discretamente, a praticar seus cultos em altares montados em suas próprias casas. E não muito tempo depois de a China abraçar as forças de mercado no fim das décadas de 70 e 80, a fé ressurgiu no interior, onde camponeses visitavam templos reformados para orar e queimar seu incenso.


Apesar da abertura para a religião, a China permanece receosa diante de instituições religiosas. Suas relações com Roma, embora melhores nos últimos anos, não são, absolutamente, amistosas. E cerca de sete anos atrás as autoridades esmagaram a seita Falun Gong, que o governo considerou uma ameaça inaceitável, depois que 10 mil de seus membros manifestaram-se em Pequim para protestar contra seu ostracismo oficial. Mas o governo sente-se confortável com o budismo. "Os budistas raramente se metem em política", diz Chan Koon Chung, um escritor e budista em Pequim. "Por isso, são mais palatáveis para o governo". Em recente discurso, o presidente Hu Jintao chegou a sugerir que as religiões, inclusive o budismo, poderiam colaborar para aliviar as tensões das disparidades de renda.


Nos últimos anos, a fé vem repercutindo junto à classe de colarinho branco. Enquanto a China registra seu quinto ano de crescimento de dois dígitos, trabalhar 12 horas por dia e nos fins de semana é praxe. Li Xinglu foi típico da categoria: trabalhadora, bem-sucedida e espiritualmente insatisfeita. Ela dirigia uma firma promotora de eventos e trouxe artistas como Ricky Martin, Boyz II Men e o Dance Theater, do Harlem, a Pequim e Xangai. Li convivia com popstars, diplomatas e empresários. Mas faltava algo. "Eu estava fumando, bebendo e passando noites inteiras em clubes", diz Li, 39 anos, casada com um americano gestor de fundos. "Eu passava muito tempo correndo atrás de felicidade."


Um sonho recorrente com a morte de sua avó e conversas com um colega inclinado à espiritualidade a fez começar a refletir. Em pouco tempo, Li estava num avião rumando para a cidade de Xining, no noroeste da China. Após uma viagem de 21 horas em jipe através do platô tibetano, ela chegou ao mosteiro Tse-Reh. Lá, Li conheceu seu mestre, um monge de 19 anos que a pôs em um novo caminho. Hoje, Li suspendeu sua carreira e, em vez disso, concentra-se em ações beneficentes, entre elas captar dinheiro para mais um orfanato para crianças tibetanas. Segundo ela, sua conversão freou uma espiral descendente. "Eu não compreendia a existência de uma alma ou espírito", diz Li.


Não muito tempo atrás, chineses jovens em ascensão voavam para lugares como a Tailândia, em busca de sol, mar e areias. Agora, como Li, muitos estão indo para retiros budistas na própria China. Templos estão sendo remodelados para receber hordas de turistas. O templo Buda de Jade, em Xangai, é hoje um dos principais destinos turísticos budistas na China. O mosteiro, que existe há 126 anos, administra seu próprio hotel de 44 quartos (US$ 134 é a diária para um casal) e vende amuletos da sorte, DVDs de monges recitando mantras e outros exemplos de parafernália espiritual. (Os monges, na expectativa de maximizar seus lucros estão chegando a cursar programas de MBA que oferecem aulas de administração de templos.)


Em novembro, a câmara de comércio da cidade costeira de Xiamen patrocinou a segunda feira budista anual de Objetos Artesanais. Mais de 40 mil empreendedores acorreram ao gigantesco Centro Internacional de Conferências & Feiras de Xiamen e abasteceram-se de estatuária, colares de contas para orações, queimadores de incenso e outras mercadorias. "Esta é uma formidável oportunidade comercial", diz Xuan Fang, professor de estudos religiosos na Universidade do Povo, em Pequim. "Um colar de contas que pode valer não mais de um yuan, pode ser vendido por dezenas de yuans num templo."


Alguns tradicionalistas temem que o budismo está assumindo um caráter de modismo excessivo. Exemplo: a diva pop Faye Wong, uma convertida cujos vídeos por vezes incluem imagens budistas. E alguns mosteiros concentram-se tanto em atrair turistas como na prática da fé. "Comercialização", diz o professor Xuan, "é uma das mais perigosas tendências do budismo chinês". Apesar disso, para yuppies estressados, o budismo é um alívio para a competitividade extremada. "A sociedade provoca muitas dores de cabeça", diz Nikki Xi, uma convertida que trabalha numa agência de publicidade de internet. "Eu estou mais relaxada. [O budismo] torna o processo de trabalho mais harmonioso."