segunda-feira, março 31, 2008

É preciso adequar-se às mudanças, aos 30, 40 ou 50 anos
Walter Machado de Barros


Nosso velho conhecido, Philip Kotler, de 78 anos, em seu mais conhecido compêndio sobre marketing ("Administração de Marketing"), quando abre o capítulo dedicado a preparação do planejamento estratégico, reproduz um pensamento de autoria anônima que diz: "Há três tipos de empresas: as que fazem as coisas acontecerem; as que observam as coisas acontecerem e as que se espantam com o que aconteceu".
Adaptando o pensamento acima, sem margem de erro, afirmaria que "há três tipos de profissionais: os que fazem as coisas acontecerem; os que observam as coisas acontecerem e os que se espantam com o que aconteceu".
No mundo dos negócios, constata-se uma luta de gerações, pressionadas por uma força de trabalho, que diariamente entra no mercado, forçando com os cotovelos, a conquista de um espaço no grupo conhecido como estagiários, trainees e assistentes. Essa geração, no exercício de seu primeiro emprego, busca participar do seleto grupo conhecido como "população economicamente ativa", segundo os economistas.
Nesta luta, os menos jovens- hoje na faixa de idade compreendida entre 35 e 38 anos-, ou aceitam atavicamente o seu destino no mercado informal de trabalho, ou vão à luta, se reciclam, se renovam, reinventando o profissional que enfrentará novas batalhas. Muitos acabam se perdendo pelo caminho, porém, os que vencem ficam mais sábios, eficientes e eficazes, com vantagens competitivas que, certamente, contribuirão para gerar valor para as empresas-contratantes.
Por outro lado, os jovens senhores profissionais de 50 anos lutam contra a força propulsora que busca colocá-los fora do mercado de trabalho. Estão enfrentando um impulso crescente, em escala jamais vista: o de encarar com a mesma energia e intensidade os jovens profissionais na faixa de 35 a 38 anos de idade, que armados com seus diplomas de mestrados e doutorados, também perseguem os melhores cargos como que se buscassem o santo Graal. Para esses jovens senhores, a saída é "correr contra o prejuízo". Não se deve acreditar na perpetuação de seus cargos e na fidelização de suas chefias que, em situação limite, também lutarão pela sobrevivência profissional. Além disso, seja chefe ou subordinado, todos serão medidos, avaliados pelos resultados apresentados, independente da faixa etária ou especializações acumuladas.
Esses dois grupos, os menos jovens de 35 a 38 anos e os jovens senhores de 50 anos acabam por freqüentar os mesmos locais em busca de cursos de reciclagem profissional, promovidos por escolas de ponta. Todos com o objetivo de adequar suas habilidades e adestramento para liderar a batalha das mudanças que as empresas tanto necessitam nesta época de globalização e busca voraz de vantagens competitivas.
Na busca por aptidões que atendam à globalização é que surge o "novo gerente". Uma espécie de líder da mudança que faz a diferença, porque aprendeu novas habilidades para modificar o comportamento das pessoas que geram resultados cada vez melhores, com maior rapidez que os concorrentes.
Em 1996, o livro intitulado "Os verdadeiros líderes da Mudança" (Editora Campus), de autoria de Jon R. Katzenback e da equipe de Real Change Leaders da McKinsey & Co., já tratava do complexo tema da Mudança, deixando claro que muitas organizações têm ativos preciosos: homens e mulheres comuns, que devem ser transformados em líderes da mudança.
No ano seguinte, Richard Edler escreveu o livro "Ah, se eu soubesse..." com o sub-titulo "O que as pessoas bem-sucedidas gostariam de ter sabido 25 anos atrás" (Negócio Editora). Edler levou doze anos para coletar respostas de diferentes pessoas a uma mesma questão: "O que você sabe agora, mas gostaria de ter sabido 25 anos atrás?" O livro se inicia com parte de um discurso proferido por Adlai Stevenson, por duas vezes candidato à presidência dos EUA, na década de 50, para os formandos da Princenton University, que vale reproduzir.
"O que um homem sabe aos cinqüenta anos que não saberia aos vinte é, em grande parte, incomunicável... todas as observações úteis sobre a vida, passíveis de transmissão, podem ser bem conhecidas por um homem de vinte anos tão atento quanto um de cinqüenta. Tudo pode ter-lhe sido contado, ele pode ter-se entregue a toda a literatura à respeito, mas ele não viveu totalmente as experiências. O que se sabe aos cinqüenta que não se sabe aos vinte, não é o conhecimento de fórmulas ou formas de palavras, mas sim de pessoas, lugares, ações- um conhecimento derivado do toque, da visão, da audição, das vitórias e derrotas, da insônia, da devoção, do amor- e de experiências humanas e emoções deste planeta, de si próprio e de outro homem. Talvez, também, de um pouco de fé e de uma pequena reverência às coisas que não podemos ver."
O texto acima traduz com bastante clareza o principal ativo de um homem: sua experiência vivencial, um conhecimento derivado de vitórias e derrotas, de insônias, de amor, enfim, do atrevimento de ousar, de fazer acontecer e saborear o doce mel das vitórias e o amargo das derrotas, o difícil aprendizado desta fascinante jornada.
Portanto, vale ressaltar que temos que descobrir novas ilhas de eficiência e sempre trabalhar para gerar valor. Relaxe e curta o seu caminho. Ontem é passado. Amanhã ainda não chegou. Mas hoje é absolutamente glorioso. E é seu para aproveitar.


Walter Machado de Barros é presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-SP) e sócio-diretor da WMB Consultoria de Gestão



fonte: Jornal Valor Econômico do dia 31/3/2008
É preciso adequar-se às mudanças, aos 30, 40 ou 50 anos
Walter Machado de Barros31/03/2008


Nosso velho conhecido, Philip Kotler, de 78 anos, em seu mais conhecido compêndio sobre marketing ("Administração de Marketing"), quando abre o capítulo dedicado a preparação do planejamento estratégico, reproduz um pensamento de autoria anônima que diz: "Há três tipos de empresas: as que fazem as coisas acontecerem; as que observam as coisas acontecerem e as que se espantam com o que aconteceu".
Adaptando o pensamento acima, sem margem de erro, afirmaria que "há três tipos de profissionais: os que fazem as coisas acontecerem; os que observam as coisas acontecerem e os que se espantam com o que aconteceu".
No mundo dos negócios, constata-se uma luta de gerações, pressionadas por uma força de trabalho, que diariamente entra no mercado, forçando com os cotovelos, a conquista de um espaço no grupo conhecido como estagiários, trainees e assistentes. Essa geração, no exercício de seu primeiro emprego, busca participar do seleto grupo conhecido como "população economicamente ativa", segundo os economistas.
Nesta luta, os menos jovens- hoje na faixa de idade compreendida entre 35 e 38 anos-, ou aceitam atavicamente o seu destino no mercado informal de trabalho, ou vão à luta, se reciclam, se renovam, reinventando o profissional que enfrentará novas batalhas. Muitos acabam se perdendo pelo caminho, porém, os que vencem ficam mais sábios, eficientes e eficazes, com vantagens competitivas que, certamente, contribuirão para gerar valor para as empresas-contratantes.
Por outro lado, os jovens senhores profissionais de 50 anos lutam contra a força propulsora que busca colocá-los fora do mercado de trabalho. Estão enfrentando um impulso crescente, em escala jamais vista: o de encarar com a mesma energia e intensidade os jovens profissionais na faixa de 35 a 38 anos de idade, que armados com seus diplomas de mestrados e doutorados, também perseguem os melhores cargos como que se buscassem o santo Graal. Para esses jovens senhores, a saída é "correr contra o prejuízo". Não se deve acreditar na perpetuação de seus cargos e na fidelização de suas chefias que, em situação limite, também lutarão pela sobrevivência profissional. Além disso, seja chefe ou subordinado, todos serão medidos, avaliados pelos resultados apresentados, independente da faixa etária ou especializações acumuladas.
Esses dois grupos, os menos jovens de 35 a 38 anos e os jovens senhores de 50 anos acabam por freqüentar os mesmos locais em busca de cursos de reciclagem profissional, promovidos por escolas de ponta. Todos com o objetivo de adequar suas habilidades e adestramento para liderar a batalha das mudanças que as empresas tanto necessitam nesta época de globalização e busca voraz de vantagens competitivas.
Na busca por aptidões que atendam à globalização é que surge o "novo gerente". Uma espécie de líder da mudança que faz a diferença, porque aprendeu novas habilidades para modificar o comportamento das pessoas que geram resultados cada vez melhores, com maior rapidez que os concorrentes.
Em 1996, o livro intitulado "Os verdadeiros líderes da Mudança" (Editora Campus), de autoria de Jon R. Katzenback e da equipe de Real Change Leaders da McKinsey & Co., já tratava do complexo tema da Mudança, deixando claro que muitas organizações têm ativos preciosos: homens e mulheres comuns, que devem ser transformados em líderes da mudança.
No ano seguinte, Richard Edler escreveu o livro "Ah, se eu soubesse..." com o sub-titulo "O que as pessoas bem-sucedidas gostariam de ter sabido 25 anos atrás" (Negócio Editora). Edler levou doze anos para coletar respostas de diferentes pessoas a uma mesma questão: "O que você sabe agora, mas gostaria de ter sabido 25 anos atrás?" O livro se inicia com parte de um discurso proferido por Adlai Stevenson, por duas vezes candidato à presidência dos EUA, na década de 50, para os formandos da Princenton University, que vale reproduzir.
"O que um homem sabe aos cinqüenta anos que não saberia aos vinte é, em grande parte, incomunicável... todas as observações úteis sobre a vida, passíveis de transmissão, podem ser bem conhecidas por um homem de vinte anos tão atento quanto um de cinqüenta. Tudo pode ter-lhe sido contado, ele pode ter-se entregue a toda a literatura à respeito, mas ele não viveu totalmente as experiências. O que se sabe aos cinqüenta que não se sabe aos vinte, não é o conhecimento de fórmulas ou formas de palavras, mas sim de pessoas, lugares, ações- um conhecimento derivado do toque, da visão, da audição, das vitórias e derrotas, da insônia, da devoção, do amor- e de experiências humanas e emoções deste planeta, de si próprio e de outro homem. Talvez, também, de um pouco de fé e de uma pequena reverência às coisas que não podemos ver."
O texto acima traduz com bastante clareza o principal ativo de um homem: sua experiência vivencial, um conhecimento derivado de vitórias e derrotas, de insônias, de amor, enfim, do atrevimento de ousar, de fazer acontecer e saborear o doce mel das vitórias e o amargo das derrotas, o difícil aprendizado desta fascinante jornada.
Portanto, vale ressaltar que temos que descobrir novas ilhas de eficiência e sempre trabalhar para gerar valor. Relaxe e curta o seu caminho. Ontem é passado. Amanhã ainda não chegou. Mas hoje é absolutamente glorioso. E é seu para aproveitar.

Walter Machado de Barros é presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-SP) e sócio-diretor da WMB Consultoria de Gestão

fonte: Jornal Valor Econômico do dia 31/3/2008

sexta-feira, março 28, 2008

Terra rotunda est



fonte: forumdaliberdade.com.br (onde este que vos escreve estará no proximo final de semana em POA)



Por Eugênio Hackbart *

O filme Uma Verdade Inconveniente apresenta a versão de que existe um consenso científico acerca da influência humana nas mudanças climáticas, afirmação que encontra eco sistematicamente na mídia que adotou sem maiores questionamentos a mesma conclusão. A realidade, porém, é outra. Um grande número de cientistas não integra o suposto consenso. Muitos deles, inclusive, são considerados os maiores especialistas do mundo em suas linhas de pesquisa. Sem os holofotes dos encontros do IPCC da ONU, realizou-se em Nova Iorque neste começo de março a Conferência Internacional de Mudanças Climáticas, evento que contou com uma centena de palestrantes dos mais variados países. Entre eles, em comum, a idéia de que as mudanças no clima se devem principalmente a fatores naturais. São os denominados “céticos”. A cobertura, mínima no Brasil, foi equilibrada no exterior, salvo pequenas exceções. O repórter da CNN Miles O’Brien, um defensor da idéia do aquecimento global antropogênico, comparou os céticos aos antigos defensores da teoria de que a Terra seria plana. O planeta não é chato, mas estão longe de me convencer de que a humanidade suplantou as forças naturais no sistema climático.
Clima de medoEm 2006, sob o título Clima de Medo, o renomado pesquisador do Massachussets Institute of technology (MIT), Richard Lindzen, denunciou nas páginas do Wall Street Journal os constrangimentos e intimidações a que são submetidos muitos cientistas por ousarem duvidar da corrente dominante. Os financiamentos para pesquisas de quem ousa remar contra a maré apocalíptica se esvaem à medida que são direcionados para pesquisadores integrantes da corrente da hora e preferencial. Pessoas convidadas para a conferência em Nova Iorque declinaram da participação sob a alegação, acredite, que poderiam perder seus empregos. Quem recusou também o convite para debater foram os principais cientistas defensores da influência humana no clima. O que temem?
Debater é precisoPor não existir um consenso é que as pessoas têm direito a conhecer os diferentes lados do pensamento científico. O contrário somente pode ser classificado como obscurantismo. O aquecimento global gerado pela influência humana está longe de ser uma tese a prova de qualquer questionamento. Por isso, são saudáveis iniciativas como a do XXI Fórum da Liberdade que trará à Porto Alegre no próximo mês de abril o pesquisador alagoano Luiz Carlos Molion que, assim como este colunista das páginas dos domingos do jornal ABC, está entre os poucos meteorologistas no Brasil a insistir que as causas das mudanças climáticas seriam eminentemente naturais e que o debate científico não pode ser suplantado.
* Eugenio Hackbart é meteorologista e Diretor-Geral da MetSul Meteorologia. Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Unisinos nos cursos de História Natural e Biologia, desenvolveu através do Ministério da Aeronáutica a sua habilitação como meteorologista, sendo credenciado pelo CREA-RS ainda em 1983.

quinta-feira, março 20, 2008

A rainha dos E.U.A



Condoleezza Rice


Quem é:

Secretária de Estado americana desde 2005, foi conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca. Tem 53 anos


O que faz:

Formou-se em Ciências Políticas com apenas 15 anos. Publicou livros sobre a unificação alemã, a era Gorbatchev e outros temas relacionados ao Leste Europeu e à União Soviética. Foi reitora da Universidade Stanford por seis anos. É fluente em russo e pianista nas horas vagas


fonte: Revista Época :: Edição nº 513

terça-feira, março 18, 2008

(foto de Greenspan)




Amigos leitores,
Eu não quero comentar muito, mas um aviso aos:


A esquizofrenia econômica que o mundo enfrenta, vai mandar milhões mais uma vez pra vala do desespero!


Eles irão propor uma nova medida, irão dizer que nada vai acontecer, criarão possibilidades (leia-se ilusões) e o homem abandonado, sozinho, será mais uma vez destituído de seu próprio eu.


É assim, assim mesmo que funciona a máquina do capitalismo moderno, que eliminou Lutero e introduziu Carl Marx.


Nem eles mesmos, sabem o que dizem e nem compreendem o que fizeram. O crach de 1929 está a porta. Ele vai bater.






Hoje, no jornal Folha de S. Paulo, artigo de Span:




ARTIGO

Jamais teremos um modelo perfeito de risco


Ex-presidente do Fed (BC dos EUA) diz que é preciso reavaliar modelos diante da crise financeira sem ameaçar a flexibilidade do mercado e livre competição
ALAN GREENSPANESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"

A ATUAL crise financeira nos Estados Unidos provavelmente será vista em retrospecto como a mais dolorosa depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45). Ela terminará quando os preços das casas se estabilizarem, e com eles o valor de capital dos imóveis que serve de lastro aos títulos hipotecários que estão em crise. A estabilização dos preços das casas restaurará uma clareza muito necessária ao mercado, porque os prejuízos terão se concretizado, em lugar de existirem como perspectiva. Uma fonte de contágio grave será eliminada. As instituições financeiras se recapitalizarão ou fecharão as portas. A confiança na solvência das empresas restantes será gradualmente restaurada, e as emissões de títulos e concessões de empréstimos lentamente voltarão ao normal. Ainda que o estoque de residências vagas pertencentes a construtoras e investidores tenha atingido seu pico recentemente, até que esse estoque comece a ser liquidado de forma consistente, o nível em que os preços se estabilizarão continuará a ser problemático. A bolha da habitação dos Estados Unidos atingiu seu pico no começo de 2006 e foi seguida por uma abrupta e rápida retirada ao longo dos dois últimos anos. Desde a metade de 2006, centenas de milhares de proprietários de imóveis, alguns dos quais impelidos pela execução de hipotecas, trocaram suas casas próprias por moradias de aluguel, o que gerou um excedente de cerca de 600 mil imóveis residenciais vagos, em larga medida controlados por investidores, e estas unidades continuam à venda. Os construtores apanhados pela rápida contração de mercado elevaram esse total involuntariamente em cerca de 200 mil unidades cuja construção foi concluída depois que a crise começou, reforçando o segmento de "casas vazias à venda". Os preços dos imóveis residenciais vêm recuando rapidamente, ao peso desse estoque excedente. A construção de imóveis residenciais se reduziu em 60% do começo de 2006 para cá, mas apenas recentemente caiu abaixo da demanda por moradia. De fato, esse nível muito reduzido de novas unidades ainda por chegar ao mercado, somado ao aumento de cerca de 1 milhão de unidades no número de novos domicílios que devem ser formados este ano nos Estados Unidos, bem como à demanda implícita por casas de férias e por imóveis de substituição, implicarão, combinados, um declínio de cerca de 400 mil unidades no estoque de casas vazias à venda, ao longo do ano de 2008. O ritmo de redução do estoque provavelmente se acelerará à medida que a construção de novas unidades se reduzir ainda mais. O nível de preço das casas provavelmente se estabilizará tão logo esse ritmo de redução de estoque atinja seu ponto mais elevado, o que acontecerá bem antes da eliminação completa do estoque excedente. Mas esse momento está ainda a um número indeterminado de meses de distância. Colapso na avaliaçãoA crise causará muitas baixas. Um segmento que sofrerá danos graves será o atual sistema de avaliação de riscos financeiros, que exibiu colapso de algumas de suas partes mais importantes, quando exposto a desgaste severo. As pessoas que acreditavam que as instituições de crédito agiriam, em seu próprio interesse, para defender o capital dos acionistas certamente estão chocadas, atônitas. Mas espero que uma das vítimas da crise não venha a ser a idéia de vigilância por parte do próprio mercado, e em termos mais amplos o uso da auto-regulamentação como forma de propiciar equilíbrio fundamental às finanças mundiais. Os problemas, pelo menos nos estágios iniciais da crise foram mais pronunciados entre os bancos, cujo sistema de regulamentação é bastante elaborado já há muitos anos. É certo que os sistemas utilizados para estabelecer requisitos de capitalização bancária desenvolvidos ao longo das duas últimas décadas passarão por substancial reforma, à luz das recentes experiências. De fato, os investidores privados já estão exigindo cauções e capital mais fortes, e os especialistas reunidos sob os auspícios do Banco de Compensações Internacionais (BIS) certamente emendarão as regras do acordo regulatório Basiléia 2, recentemente assinado. Outro fator questionado, ao menos tangencialmente, são os elegantes modelos matemáticos de previsão econômica que uma vez mais se provaram incapazes de antecipar uma crise financeira ou o início de uma recessão. Os sistemas do mercado de crédito e seus graus de endividamento e liquidez têm por raiz a confiança em que as contrapartes são solventes. Essa confiança sofreu sério abalo em 9 de agosto de 2007, quando o BNP Paribas revelou grandes prejuízos imprevistos em suas transações com títulos "subprime" (alto risco) americanos. Os sistemas de administração de risco e os modelos que os embasam supostamente deveriam nos proteger contra prejuízos superdimensionados. O que saiu errado? O que deu errado?O problema essencial é que os nossos modelos tanto os de risco quanto os econométricos, por mais complexos que se tenham tornado, ainda assim são simples demais para capturar a ampla gama de variáveis que definem e propelem a realidade econômica mundial. Um modelo representa necessariamente uma abstração, com relação aos detalhes plenos do mundo real. Respeitando a antiga tradição de que diversificação representa redução de risco, os computadores trabalham com imensos volumes de dados históricos em busca de correlações negativas entre os preços dos ativos negociáveis, correlações que poderiam ajudar a isolar as carteiras de investimentos contra as oscilações mais amplas da economia. Mas quando esses preços de ativos, em lugar de compensarem os movimentos uns dos outros, despencaram em uníssono, em 9 de agosto do ano passado, surgiram prejuízos imensos em virtualmente todas as classes de ativos de risco. A explicação mais confiável quanto ao desempenho tão medíocre de modelos estatísticos desenvolvidos segundo as mais modernas técnicas é que os dados subjacentes utilizados para estimar a estrutura dos modelos são extraídos tanto de períodos de euforia quanto de períodos de medo, ou seja, de regimes que apresentam dinâmicas diferentes em muitos aspectos importantes. A fase de contração dos ciclos de crédito e negócios, propelida pelo medo, historicamente vem sendo muito mais curta e muito mais abrupta do que a fase de expansão, propelida por um acúmulo lento mas cumulativo de euforia. Ao longo dos últimos 50 anos, a economia norte-americana só esteve em contração um sétimo do tempo. Mas é o momento em que esses períodos se iniciam que é o objetivo dos sistemas de administração de risco. Correlações negativas entre classes de ativos, tão evidentes durante uma expansão, podem entrar em colapso quando todos os preços de ativos caem juntos, o que solapa a estratégia de melhorar o equilíbrio entre risco e recompensa por meio da diversificação. Se pudéssemos modelar adequadamente cada fase do ciclo, em separado, e adivinhar que sinais nos indicariam que um regime está a ponto de mudar, os sistemas de administração de riscos poderiam ser muito melhorados. Um problema difícil é que boa parte do comportamento dúbio dos mercados financeiros que emerge cronicamente durante uma fase de expansão resulta não da ignorância ou de uma má avaliação dos riscos, mas da preocupação de que, ao menos que uma empresa participe da euforia em curso, ela perderá mercado de maneira irrecuperável. VulnerabilidadeA administração de riscos procura maximizar os níveis de retorno sobre o capital, ponderados de acordo com o risco; muitas vezes, no processo, o capital subutilizado é considerado como "desperdício". Os dias em que os bancos se orgulhavam de suas excelentes classificações de crédito e em que chegavam a dar a entender (muitas vezes com razão) que possuíam reservas financeiras secretas, o que lhes conferia uma aura de invulnerabilidade, há muito são coisa do passado. Hoje, ou pelo menos antes do 9 de agosto de 2007, os ativos e o capital que definem uma classificação de crédito excelente, ou costumavam fazê-lo, são caros demais em termos de competitividade. Não quero dizer que os sistemas atuais de administração de risco ou previsão econométrica não tenham, em larga medida, raízes sólidas no mundo real. A exploração dos benefícios da diversificação nos modelos de administração de riscos é inquestionavelmente sólida, e o uso de um modelo macroeconométrico elaborado gera disciplina nas previsões. Ele requer, por exemplo, que a poupança equivalha ao investimento, que a propensão marginal de consumo seja positiva e que os estoques não sejam negativos. Essas restrições, entre outras, eliminaram a maior parte das incômodas inconsistências nas projeções financeiras de meio século atrás. Ciclos de euforia e medoMas esses modelos não capturam com exatidão aquilo que foi, até o momento, apenas um adendo periférico à modelagem de ciclos de negócios e financeiros: as respostas humanas inatas que resultam em oscilação entre euforia e medo, as quais se repetem de geração em geração, com poucos indícios que haja uma curva de aprendizado em ação. As bolhas nos preços dos ativos se acumulam e explodem hoje como o fazem desde o começo do século 18, quando os mercados competitivos modernos começaram a evoluir. É certo que tendemos a classificar essas respostas comportamentais como não racionais. Mas as preocupações de quem realiza previsões não deveriam se dirigir à racionalidade ou não das respostas humanas, e sim apenas ao fato de que elas sejam passíveis de observação, e sistemáticas. Esta, para mim, é a grande "variável explanatória" ausente tanto nos modelos de administração de risco quanto dos macroeconométricos. A prática atual envolve introduzir o conceito de "vigor animal", como diria John Maynard Keynes, na forma de "fatores de adição". Ou seja, nós alteramos arbitrariamente o resultado das equações de nossos modelos. Mas adicionar fatores é um reconhecimento implícito de que esses modelos, na forma pela qual os empregamos atualmente, padecem de uma deficiência estrutural; eles não tratam em extensão suficiente do problema da variável ausente. Jamais seremos capazes de antecipar todas as descontinuidades nos mercados. Elas representam, necessariamente, surpresas. Os eventos antecipados são computados nos modelos. Mas se, como suspeito fortemente, os períodos de euforia são difíceis de suprimir em seu processo de acumulação, eles não entrarão em colapso até que a febre especulativa passe sem ajuda. Paradoxalmente, na medida em que a administração de risco pode obter sucesso na identificação de episódios como esse, ela se torna capaz de prolongar e ampliar o período de euforia. Mas a administração de risco jamais atingirá a perfeição. Ela terminará por fracassar, e uma realidade perturbadora será exposta, revelando uma resposta descontínua inesperada e intensa. Na crise atual, como em crises anteriores, podemos aprender muito. E as futuras decisões econômicas serão influenciadas por essas lições. Mas não podemos esperar que seja possível antecipar os detalhes específicos de futuras crises, ao menos não de forma confiante. Por isso se torna importante, ou mesmo crucial, que quaisquer reformas e ajustes à estrutura do mercado e da regulamentação não inibam nossas mais confiáveis e efetivas salvaguardas contra os erros econômicos cumulativos: a flexibilidade do mercado e a livre competição.


ALAN GREENSPAN foi presidente do Federal Reserve (1987-2006) e é autor de "A Era da Turbulência" (ed. Campus)

terça-feira, março 04, 2008

Um ser ou Uma Coisa?


Células-troco, votação será amanhã pelo Supremo Tribunal Federal se se libera ou não estudos com este tipo de ser vivo.


E você concorda que se pode matar porque ainda não tem olhos e nem bocas ou deve-se deixar vivas sem "descartar" como se tem proposto?


Se é contra, assine nosso abaixo assinado virtual e prepare-se conosco pra grande guerra entre Ser Humano x Potência Econômica.

Valores éticos ou dinheiro para empresários.


Preparem-se e orem


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