quarta-feira, dezembro 13, 2006

O empresariado financia tudo, mas não ajuda nada. Olha o que estão fazendo com os Índios por exemplo...

De Dr.Antunes@com.br para RogerAgnelli@gov.br

Os senhores jogaram dinheiro pela janela. Vossas doações não fazem sentido político nem empresarial

PREZADO DOUTOR Roger Agnelli,Felicito-o pela maneira como vem presidindo a Companhia Vale do Rio Doce. Quando o senhor nasceu, em 1958, eu era um cinqüentão, dono de uma grande mineradora privada. Em 1996, quando vim para cá, o senhor ainda trabalhava no Bradesco. Fundei a Caemi em 1950 e a MBR em 1965. Hoje ambas estão sob seu comando. O senhor é tudo o que quis ser: executivo da grande mineradora, livre da peste estatista. Sou tudo o que o senhor gostaria de ser, um magnata que silencia auditório. Um garoto que começou como postalista e foi chamado de "doutor Antunes" por 11 presidentes.Desde o início do ano, acompanho a extravagante distribuição de dinheiro da Vale para políticos. Inquieta-me a dimensão da vossa prodigalidade com o patrimônio dos acionistas. Pelos meu cálculos, os senhores distribuíram uns US$ 15 milhões. (Vamos fazer de conta que não sei das pesquisas presenteadas. As coisas que a gente ouve aqui não pode revelar aí.) Contei o caso da Vale ao John Kennedy e ele duvidou, pois nos Estados Unidos nenhuma empresa praticou tamanha filantropia política. O moço se lembrou do dinheiro que jogou no Brasil no início dos anos 60. Foram menos de US$ 10 milhões.Nunca desembolsei quantias parecidas com as suas. Sempre fui um organizador. Quando o senhor Luiz Inácio apareceu com suas greves no ABC, vi nele uma reedição dos agitadores do peleguismo janguista. Mudei de idéia quando visitou uma das minhas empresas e derramou-se em elogios aos meus netos. (Queira Deus que tenha aprimorado sua acuidade analítica.)Surpreendeu-me também a dispersão das doações. Os senhores jogaram dinheiro pela janela. Financiaram dois candidatos a presidente e contribuíram para a eleição de 48 deputados. A vossa lista não faz sentido ideológico, político e muito menos empresarial. A maneira tortuosa usada para repassar as doações leva-me a suspeitar que a decisão saiu da iniciativa de algum diretor bem relacionado em Brasília, capaz de resolver quaisquer problemas. Saiba, dr. Agnelli, que imensos são os problemas que essa espécie cria.Permita-me um conselho: tire a Vale das páginas políticas dos jornais. Se possível, tire-a de todas as páginas. O Glycon de Paiva, glória de nossa geologia e um dos mais ativos articuladores da relação do empresariado com os políticos sempre repete: "Opinião pública significa dinheiro". Como o senhor viu, dinheiro demais.
Respeitosamente, Augusto Trajano de Azevedo Antunes

P.S. - Sugiro-lhe que passe os olhos num livro que saiu aí, a meu respeito. Chama-se "Mineração no Brasil - Augusto Antunes, o homem que realizava". Foi patrocinado pela MBR e é informativo. Para meu modo de ser, um pouco derramado nos elogios.

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