terça-feira, janeiro 13, 2009

Imagine os três unidos hoje, por um Estado "alinhado, robusto, arrojado, próspero, livre"?? O povo estaria muito contente! O que pensam?
















É claro que o título disso aqui é uma brincadeira. Ou se não uma brincadeira, um verdadeiro chamado aos leitores para a atenção da atuação estatal na economia mundial.
Para tanto, publico aqui o artigo na sessão Economia da edição atual da revista Época Negócios, sob o título O Estado Pop

Uma ótima publicação e até que enfim, jornalistas estão começando a falar a verdade sobre o tema.

Segue:

O estado pop

Há uma onda de intervenções para deter a crise. Mas governos criaram mais problemas do que soluções quando atuaram como salvadores da pátria

POR ALEXA SALOMÃO


Não se devem alimentar ilusões so- bre o rápido percurso desta crise. Os seus vestígios serão duradouros. No entanto, mesmo que amanhã houvesse um ressurgimento econômico geral, seria necessária disciplina, porque os homens esquecem com facilidade e repetem as mesmas tolices e as mesmas loucuras. O Estado deve intervir? Não há dúvida.”

Se o trecho acima constasse de um teste de conhecimentos gerais, a quem você o atribuiria? 

a) George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, quando pediu ao Congresso que aprovasse o pacote de ajuda de US$ 700 bilhões a bancos à beira da falência. 

b) Relatório anual do Fundo Monetário Internacional, que recomendou aos governos uma ação “decisiva” e “rápida” nos mercados financeiros para conter a crise. 

c) Nicolas Sarkozy, presidente da França, durante o pronunciamento em que sentenciou o fim da autorregulação, do “laisser faire” e do mercado todo-poderoso. 

d) Todas as alternativas. 

e) Nenhuma das alternativas. 

Desde que se instalou a crise financeira global, o recorrente discurso favorável a ações de intervenção do Estado na economia alastrou-se entre presidentes e instituições das mais importantes nações capitalistas. O governo britânico assumiu o controle do Royal Bank of Scotland (RBS). O governo sueco assumiu o controle do banco de investimentos Carnegie. O governo dos Estados Unidos considerou socorrer as montadoras de automóveis. O nível de crítica ao livre mercado tomou tal proporção que bem poderia inspirar um manifesto da Organização das Nações Unidas assinado por Bush, Sarkozy e apoiado pelo FMI. Mas a declaração que abre esta reportagem – aparentemente tão democrática e atual – provém de um personagem controverso de outro momento conturbado da história: Benito Mussolini, arquiteto do fascismo italiano, em 1934. Constava do pronunciamento em que o ditador defendeu a aprovação da Lei das Corporações, regulamentação que organizou empresários e trabalhadores em grupos controlados pelo Estado. A crise à qual se refere é a Grande Depressão, o fantasma do passado que inspira tantos temores nos dias atuais. 

O fato de o discurso de Mussolini soar com tanta atualidade indica que a intervenção estatal é sempre vista, num primeiro momento, como o remédio mais eficaz para os males financeiros. Mas, como a História ensina, é preciso muita cautela quando se encara o Estado como “grande pai” e “salvador da pátria”. Martin Wolf, colunista do jornal inglês Financial Times, intelectual de formação liberal, avalia bem o paradoxo da intervenção estatal: “Quando se trata de reconstituir economias em crise, não há dúvida de que a ajuda do governo é fundamental. Sem as intervenções ocorridas no ano passado, a situação teria sido muito pior”, disse Wolf a Época NEGÓCIOS. “Mas a melhora da situação vai depender de como se equilibram as falhas do sistema financeiro, de um lado, e os problemas criados pela intervenção, do outro. Infelizmente, em muitos casos, as políticas públicas pioram as coisas.”

Traço comum das 11 maiores crises: a contribuição dos governos
Quando se discute o papel do Estado no socorro aos mercados, é importante ter em mente um fato elementar: os próprios governantes costumam ter responsabilidade na criação de colapsos econômicos. Um traço comum às 11 maiores crises dos últimos 300 anos, analisadas pelo historiador Edward Chancellor em seu livro Salve-se Quem Puder, é a contribuição dos governos para a sua formação – seja por omissão, seja por oferecer orientações equivocadas. A Grande Depressão, provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, é o exemplo emblemático de manobra desastrosa. Seu agravamento é atribuído ao Fed, banco central americano, que decidiu elevar os juros para enxugar o mercado especulativo, levando investidores e bancos à falência. Mais de 4 mil instituições quebraram até 1933. Andrew Mellon, então secretário do Tesouro, não se sensibilizou nem um pouco com a ruína de milhares de americanos. Acreditava que a quebradeira daria boas lições de moral a quem queria ganhar dinheiro fácil e estimularia o trabalho honesto. 


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