sábado, novembro 17, 2007

Mais uma de capital humano...


e um dado interessante dessa publicação, de ontem, 16/11/2007 no Jornal Valor Econômico.
A relação direta entre "prosperidade intelectual" aliada a cosmovisão cristã.
Eu até escrevi pro autor do texto e pedi explicações mais profundas e ele ainda nao respondeu-me.
A fonte é super interessante e de grande valia à pesquisas.

Vamos:

Apagão de capital humano e crescimento
Por Alberto Carlos Almeida, de São Paulo
16/11/2007

Os primeiros censos de países europeus foram realizados na segunda metade do século XIX. Na Grã-Bretanha, constatou-se em 1876 que aproximadamente 20% da população não sabia assinar o nome. Na Prússia do censo de 1871, 87% da população era alfabetizada. No Brasil de 1991, aproximadamente 20% eram analfabetos. O Brasil encontrava-se, em relação aos dois países, em torno de 120 anos atrás. 120 anos!


Nas últimas semanas tornou-se público o pior de todos os tipos de apagão, o de mão-de-obra. Foi apenas o Brasil crescer um pouquinho, e de forma contínua, que não há mais técnicos e pessoas de escolaridade mais elevada disponíveis no mercado.


A caminho da escola


De volta à velha Prússia, naquele censo se descobriu que só 3% das crianças moravam a mais de três quilômetros da escola mais próxima. Para chocar: 97% das crianças moravam a uma distância menor. Descobriu-se também que a distância máxima era de 19 quilômetros, provavelmente nas áreas rurais. A propósito, a população urbana totalizava apenas 27% da população total.






No jovem Brasil, sabemos a distância média que as crianças precisam percorrer para chegar à escola? Isso parece ser uma informação relevante para políticas públicas que dêem prioridade à educação. A lição disso, da importância do capital humano para o desenvolvimento econômico, vem deste que foi um dos primeiros censos da história.


Janela de oportunidade


Voltemos, portanto, a Prússia. No distrito de Potsdam, vizinho à cidade de Lutero (Wittenberg), mais de 90% da população era protestante. Lá também mais de 94% eram alfabetizados e, como conseqüência, a renda média estava acima de 1.100 marcos. No distrito de Düsseldorf, menos de 50% eram protestantes, a taxa de alfabetização era menor do que 90% e a renda média, abaixo de 900 marcos. Não é preciso dizer mais nada. Numa mesma nação duas realidades completamente distintas, ambas moldadas pelo investimento em capital humano, em educação.


A questão crucial diz respeito ao desenvolvimento econômico. O Brasil quer realmente aproveitar a janela de oportunidade aberta recentemente? Há mais de 120 anos outros países criaram essa janela por meio do fortalecimento do capital humano. O Brasil não precisa abrir a janela, somente aproveitá-la. O nosso sistema educacional não está preparado para isso.


Quantos mais argumentos serão necessários para persuadir os governantes de que educação é fundamental? Quantos mais artigos terão de ser escritos para que o alerta sobre o problema seja convertido em ações efetivas? Ações que tenham forte impacto sobre o atual quadro de escassez de mão-de-obra especializada e bem qualificada. Trata-se de uma decisão que a elite terá de tomar sem a influência da população, porque no Brasil educação não dá voto.


Alberto Carlos Almeida, professor universitário e sociólogo, é autor de "A Cabeça do Brasileiro" (Record).


Email: almeida.alberto@terra.com.br

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